quinta-feira, setembro 14, 2006

Analise Atacante: FC Copenhaga - SL Benfica


Estádio: Parken, em Copenhaga
Espectadores: 40 000
Arbitro: Yury Baskakov (Rússia)


FC Copenhaga: Christiansen, Jacobsen, Hangeland, Garvgaard e Bergdolmo, Linderoth, Hutchinson, Norregaard, Silberbauer e Gronkjaer, Berglund
Treinador: Stala Solbakken Jogaram ainda: Kvist (44) e Pimpong (73)

Benfica: Quim, Alcides, Luisão, Ricardo Rocha e Léo, Petit e Katsouranis, Paulo Jorge, Nuno Assis e Simão, Nuno Gomes
Treinador: Fernando Santos Jogaram ainda: Manu (80’) e Fonseca (89’)

O Benfica deu ontem uma pálida imagem da equipa que na época passada atingiu os quartos de final da Liga dos Campeões.

O jogo começou cauteloso. De um lado uma equipa estreante na competição, que tinha como único interesse não perder, do outro uma equipa que queria limpar a má imagem deixada no jogo de estreia da Bwin liga.

Fernando Santos operou algumas alterações no onze em relação ao jogo do Bessa, que acabaram por não influenciar no rendimento da equipa. Alcides e Ricardo Rocha ocuparam os lugares de Nelson e Anderson, na defesa. Nuno Assis substituiu Rui Costa no vértice do meio campo e Simão e Paulo Jorge substituíram Manu e Miguelito, nas alas.

O Benfica entrou lento e sem ideias, o que permitiu ao FC Copenhaga subir no terreno e ter algum ascendente na fase inicial da partida. Aos poucos, os encarnados começaram a tomar conta das operações, mas sem resultados práticos, pois terminaram os primeiros 45 minutos sem ter criado uma ocasião de golo.
Do lado dos dinamarqueses, Gronkjaer e Silberbauer, eram os elementos mais mexidos, e aqueles que criaram mais trabalho ao sector mais recuado dos encarnados. Durante a primeira parte, os da casa foram mais rematadores, mas poucos foram os tiros que incomodaram Quim.

Do lado encarnado, só Paulo Jorge mostrava algum descontentamento com a inoperância do resto da equipa, e aqui e ali, ia tentando remar contra a maré. Sem surpresas, o intervalo chegava, num jogo arrastado, quase a passo, bem ao jeito do FC Copenhaga.

No segundo tempo, o Benfica entrou um pouco mais mexido, mais dominador, mas no entanto com o passar do tempo, o jogo adquiriu a mesma toada do primeiro tempo. Muita troca de bola entre o meio campo, a defesa e o guarda-redes encarnado, com o ataque, a espaços, a entrar na partida, e sempre pelo mesmo homem, Paulo Jorge.

Os dinamarqueses apostaram numa toada mais de contenção do jogo encarnado, saindo para o contra-ataque sempre que podia, de uma forma rápida, que por vezes criava algum desconforto na defesa do Benfica, devido ao estado inerte de alguns jogadores no terreno de jogo.

Devido à falta de ideias dos jogadores encarnados, seria de esperar que Fernando Santos começa-se a trocar jogadores, na procura de um resultado melhor. Puro engano, pois quem começou por mexer no onze foi o técnico do FC Copenhaga, que a excepção da substituição forçada de Gronkjaer por Kvist, ainda o jogo não tinha ido para intervalo, voltou a mexer, faltavam cerca de 20 minutos para o fim do jogo, numa opção claramente de ataque mostrando que queria algo mais que o empate, fez entrar Pimpong para o lugar do esgotado Berglund.

No entanto e já a entrada do último quarto de hora, surgiu um pontapé na monotonia: Paulo Jorge aparece desmarcado, flectindo da extrema-esquerda para o centro, consegue deixar dois defesas de fora do lance com um simples movimento de ancas e atira forte, fora do alcance do guardião dinamarquês. Foi pena a bola ter esbarrado no poste da baliza e ter, com alguma sorte à mistura, caído nas mãos de Christiansen.

A partir deste momento esperava-se mais do conjunto encarnado, que foi sempre superior quando imprimiu mais um pouco de velocidade no jogo. Novo engano, pois o jogo voltou a cair na mesma toada.

Finalmente Fernando Santos mexe na equipa, quando faltam dez minutos para o fim do jogo. Tirou Simão e fez entrar Manu. Troca por troca, que nada trouxe de novo ao conjunto. Simão esteve particularmente apagado fruto do longo período de paragem a que esteve sujeito, sensivelmente 5 meses, e isso foi notório nas mudanças de velocidade, e nos cruzamentos inconsequentes que realizou.
Já perto do minuto 90, nova substituição, desta feita saindo Nuno Gomes, para entrar Kikin Fonseca, sem tempo para mostrar o que quer que fosse.

Pouco tempo depois o jogo chegou ao fim, apenas com uma ocasião clara de golo em toda a partida e protagonizada apenas ao minuto 75, com a particularidade de os encarnados em 92 minutos de jogo, terem rematado apenas por duas ou três ocasiões, à baliza do FC Copenhaga.

Muito pouco para quem quer seguir em frente neste grupo. Os jogadores encarnados ficaram satisfeitos com este ponto conquistado, mas os dois pontos que perderam ainda poderão fazer falta nas contas finais, pois esta equipa dinamarquesa é perfeitamente acessível ao futebol encarnado, e apenas a falta de ambição geral da equipa permitiu que o resultado não fosse outro.

Arbitragem

O árbitro que veio da Rússia, teve um jogo calmo, com poucos casos. Aqui e ali poderá ter tomado algumas más decisões, principalmente ao contemporizar alguns cartões amarelos a jogadores do FC Copenhaga. O seu auxiliar errou claramente na primeira parte, quando arrancou um fora de jogo inexistente a Simão, quando este já se encaminhava para a baliza de Christiansen.

Positivo do jogo

Sinceramente não encontro praticamente nada de positivo neste jogo. Ressalvo no entanto a atitude de Paulo Jorge. Foi o único jogador encarnado a mostrar ambição e a dizer que estava inconformado com o empate. Pertenceu-lhe a melhor oportunidade da partida, faltavam cerca de quinze minutos para jogar, e apenas o poste lhe negou a hipótese de coroar uma boa exibição com um golo.

Negativo do jogo

Aqui tenho que destacar o colectivo do Benfica. Ressalvada a excepção, o certo é que o resto do plantel encarnado mostrou muito pouco para quem ambiciona vencer a Liga dos Campeões. Katsouranis não consegue sair a jogar, Simão ainda está preso, Léo ainda não atingiu a sua melhor forma, no fundo, parece estar instalada uma mini crise neste início de época.

Poderá dizer-se que se deve ao facto do Benfica ter estado 18 dias sem competir devido ao caos instalado no futebol português neste início de época? Talvez…. Mas o certo é que esta equipa dinamarquesa vinha na melhor altura, pois sendo praticamente inexperiente nestas andanças, conferia ao Benfica um estatuto de favorito que poderia ter sido aproveitado de outra forma, até para ganhar moral para os confrontos que se avizinham na competição.

Há um problema que Fernando Santos tem que resolver, e prende-se com o armador de jogo. Rui Costa esteve ausente e a equipa ressentiu-se, pese embora Nuno Assis ser mais expedito na condução dos lances, é certo que não tem a visão do maestro encarnado. Neste jogo, talvez se justificasse a utilização de Karagounis, quanto mais não fosse, pela experiência que tem em jogos de alto nível, como os da Liga dos Campeões.

Não posso deixar de dar nota negativa a Fernando Santos. Mexer na equipa, por vezes pode ganhar jogos, mas não é a efectuar trocas por trocas que o consegue. Ainda por cima quando faz a primeira substituição a dez minutos do fim da partida. Essa substituição chegou, pelo menos, com quinze minutos de atraso, e julgo que poderia ter sido mais ambiciosa, tendo feito entrar Fonseca ou Mantorras, passando a jogar em 4x4x2. A monotonia que imperava na equipa poderia ter sido quebrada com a entrada do angolano, pois a raça que implementa na abordagem dos lances faz dele uma arma bastante poderosa.

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