As relações dos meios de comunicação com o futebol sempre foram conflituosas. Os jornalistas á procura do furo, de uma boa imagem para a primeira capa e os clubes preocupados com a imagem que deles passa, na tentativa de manter a imprensa, a rádio e a televisão longe dos seus círculos de interesse.
Actualmente fala-se do caso “Apito Dourado”. Árbitros e dirigentes de futebol envolvidos em escândalos de suborno e “gentilezas” a troco de regalias. A realidade do futebol nua e crua. As redacções ao rubro. Os jornalistas apuram o faro para o que se vai desvendar a seguir. O mediatismo está a seu cargo. Tentam trazer “á baila” mais destaques e evoluções do caso.
Mas, e se pensarmos que toda esta relação conflituosa entre os meios de comunicação social e o desporto é também fruto de contrapartidas? São muitas as redacções com inclinações clubisticas. São muitos os jornalistas que de forma deliberada favorecem esta ou aquela instituição. São também muitos os que se deixam persuadir por “ prendas”. Em suma, os jornalistas são muitas vezes alvos fáceis por parte dos que deles se querem servir. Estarão os jornalistas á venda?
O trabalho jornalístico é quase sempre pouco estimado e elogiado. O que passa a estar em causa é a credibilidade, a independência e a missão jornalística, tentando ao mesmo tempo perceber o que leva uma redacção a colocar um título, uma imagem, um texto, um destaque. Muitas vezes não está só relacionado com a questão das tiragens e das vendas mas também com eventuais vantagens que estas redacções e jornalistas podem obter. E se pensarmos que muitos meios de comunicação dependem de subsídios e patrocínios, muitas vezes a cargo de instituições politicas e desportivas, estas suspeitas ganham maior contorno e fundamento.
A Declaração da UNESCO condena e considera contrária aos princípios de um jornalista a aceitação de qualquer forma de remuneração ilícita, assim como a promoção de interesses privados contrários ao bem-estar geral. Compra-se o silêncio, compra-se o falso testemunho. Põem-se em causa a liberdade de informação. Mais grave ainda, põem-se em causa a integridade e veracidade das mesmas.
Em jeito de comparação, o mesmo se passa com os árbitros e com os dirigentes, atletas, etc. que agem em conformidade com relações pautadas por interesses e cujos prejudicados são quase sempre os mesmos: os espectadores e os adeptos, o público e os leitores.
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