terça-feira, fevereiro 21, 2006

GOLEANDO:Reportagem Futsal Feminino - PARTE I

O ESTAjornal é o jornal laboratório realizado pelos alunos do 3º ano do curso de Comunicação Social da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. Na última edição da mesma, foi publicada uma reportagem sobre a equipa abrantina de futsal feminino.

Por: Maria João Cardador e Maria José Vaz

“APOIEM O FUTSAL FEMININO”

Um dia um sócio teve a ideia e propôs à direcção do Sporting Clube de Abrantes (SCA), a criação de uma equipa de futsal feminino. As atletas? Um grupo de raparigas que se reuniam e participavam em torneios. O clube aceitou e hoje, reúnem-se duas vezes por semana e fazem aquilo que mais gostam: jogar futebol! Uma paixão que desde cedo as levava a trocar brincadeiras típicas de menina, pelo prazer de correr atrás de uma bola. Apesar dos apoios que faltam, a equipa de futsal resiste porque entre outras coisas a paixão pelo futebol fala mais alto e a união faz mesmo a força.

Terça-feira. 20 horas. Lentamente, o vazio e silencioso Pavilhão Municipal do Tramagal ganha vida à medida que as atletas do Sporting Clube de Abrantes (SCA), entre cumprimentos e risos chegam para mais um dia de treino. Os minutos que o antecedem, servem para pôr alguma conversa em dia e saber como correu o resto do fim-de-semana. A sessão de treino começa por volta das 20h30m. O treinador, António Almeida, dispensa apresentações no que diz respeito ao futebol juvenil e sénior da região do Ribatejo. O seu currículo, com uma série de títulos conquistados nos mais variados escalões, comprova-o. Passos largos e apressados, expressão séria e grave, faz-se acompanhar sempre pelo seu bloco de notas debaixo do braço. Espera impaciente pelas suas jogadoras. Não tolera atrasos. É preciso preparar o próximo jogo. Falar sobre o que correu mal no fim-de-semana. Sobre as falhas. Para que os erros não se repitam.

“É aliciante trabalhar com mulheres”

Desde que iniciou a carreira de treinador que se habituou a lidar com rapazes. O primeiro contacto com o futebol feminino ocorreu há seis anos e desde há dois que assumiu o comando técnico da equipa do SCA. Como o próprio refere: “- foi mais um desafio. É aliciante trabalhar com mulheres” – acrescentando que é algo que lhe dá imenso “gozo” porque muitas têm uma capacidade extraordinária para jogar tal e qual os homens e outras apenas precisam que saibam lidar com elas.
Para “Tó”, a principal diferença entre homens e mulheres reside na força física, pois tecnicamente “muitas raparigas têm aptidões natas para jogar e em técnica nada ficam a dever aos rapazes, pelo contrário são muitos mais requintadas” – defende. Outra diferença apontada reside no facto de as considerar mais calculistas e frias do que os homens pois “sabem lidar melhor com as situações, não entram no despique”. E na equipa que treina sente que a agressividade está lá, não concebendo a ideia de que pelo facto de serem mulheres tenham que reagir passivamente ás situações que se lhes deparam, uma vez que no futsal como o próprio adverte: “ - temos que deixar o feminismo de lado e sermos profissionais”. Apesar de gostar da experiência não esconde que é muito difícil lidar com elas: “ - treino jogadoras dos 16 aos 27 anos, o ambiente é bom mas, só porque uma se lembra de trazer o risco do lado esquerdo do cabelo quando o trazia do lado direito é motivo para fazer uma birrinha e depois descarregar a sua ira no treino”. Nessas alturas é preciso intervir muitas vezes medindo as palavras para não gerar conflitos.
Para além do apoio que dá às atletas, enaltece o papel da direcção, que tudo faz no seu entender, para que as atletas tenham o mínimo de condições para a prática da modalidade. E um dos problemas com que a equipa se debate é precisamente esse: o da falta de meios financeiros. Dependem quase única e exclusivamente da ajuda da direcção, porque o subsídio disponibilizado pela Câmara Municipal, apenas abrange as equipas com formação. O Sporting tem formação, mas não existe competição para os atletas juniores e o apelo da direcção é justamente nesse sentido: “- gostaríamos que a Associação Futebol de Santarém insistisse junto dos clubes para que tivessem formação”. Mas a equipa encara o futuro com optimismo. “ - Trabalhamos dia-a-dia, somos um grupo muito unido e derivado a um bom ambiente os resultados começam a aparecer”- defende o treinador.

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