Os indivíduos são produto da sociedade. Constantemente influenciados por processos ideológicos e simbólicos. Actualmente todos esses processos desenvolvem-se na sua maioria, através dos Media que contribuem de forma flagrante para a definição de posições e identidades sociais, influenciando as atitudes, os valores e comportamentos da massa.
O futebol envolve dinâmicas ideológicas e o alcance dos Media na produção, reprodução e amplificação dos discursos associados ao mesmo, tem vindo a registar uma atenção crescente. Actualmente mais do que falar em futebol, deve-se falar em “mediatização do futebol”. E se o futebol é parte integrante e cada vez mais importante na formação da identidade nacional, a acção e importância dos Media não pode ser ignorada, pois toda a popularidade do fenómeno é sustentada em larga escala pela indústria dos Media.
E nesse contexto é a imprensa que desde cedo começa a assumir relevância pois “aproximava” os indivíduos da ideologia do futebol, fortificando e estreitando os sentimentos de unidade em relação á modalidade. Diariamente o individuo apreende as formas culturais e simbólicas difundidas pelos Media acerca do futebol e da sua orgânica, começando ele próprio a construir ideias sobre o futebol e que acabam por ser comuns e similares aos outros indivíduos.
Desde a segunda metade do séc. XX que em Portugal o futebol tem nos Media a sua forma mais directa de chegar aos indivíduos. Primeiro através da imprensa, depois da rádio e mais tarde da televisão. Para os milhares que estão num estádio a assistir a uma partida há sempre outros milhares que ouvem, vêem e lêem sobre o jogo que ai se realiza. Em Portugal a maioria dos adeptos são espectadores através desses mesmos meios, já que a importância da mediatização do fenómeno, reflecte-se nas audiências de jornais, televisões e rádios relativamente a programas desportivos com dados muito significativos. Durante quase todo o século XX a existência de jornais exclusivamente desportivos tem registado índices de tiragens diários superiores a 250 000 exemplares ( “A Bola”, “O Record” e “O Jogo”), o que faz delas as publicações mais vendidas e lidas no nosso país. A imprensa desportiva em Portugal impôs-se mais pelo peso do numero de exemplares vendidos diariamente do que pela centralidade social, pois foi desde sempre encarada como uma forma de expressão e comunicação secundaria, retrato “do jogo” e não das “coisas sérias”. No entanto, as tiragens médias dos jornais não deixam margem para duvidas quanto á sua popularidade e desde que os três principais jornais passaram efectivamente a diários, a realidae da imprensa diária portuguesa permite falar em “fenómeno” se tivermos em conta os baixos índices de leitura da população portuguesa.
O desenvolvimento do desporto enquanto espectáculo de massas está profundamente ligado ao carácter industrial cada vez mais crescente da imprensa desportiva.
Na história da televisão, nenhum acontecimento, de qualquer tipo, atingiu até hoje as audiências totais de um campeonato do mundo de futebol. Aliás, dos dez eventos televisionados com maior audiência a nível planetário, mais de metade deles referem-se a competições de futebol internacional, envolvendo representações nacionais.
Verdadeiro fenómeno do séc. XIX, altura em que a modalidade começa a espalhar-se por toda a Europa e conscientes da sua força, os próprios Estados exploram e incentivam o seu desenvolvimento, assim como a sua prática, como se de uma arma politica se tratasse. O futebol foi em muitos países o “circo” que abafava as crises, o único meio para se atingirem certos fins, a propaganda sólida de regimes ditatoriais, mas também factor de paz e união, atenuante de processos e relações conflituosas entre estados.
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