quinta-feira, setembro 07, 2006
Memória Atacante XXXIII
Depois do post sobre Fernando Couto que recordamos na semana passada, a SpicedBlond continuava o seu excelente trabalho, mas desta vez com o Pantera Negra, Eusébio da Silva Ferreira!
Foi no dia 15 de Abril de 2005 que a SpicedBlond nos brindou com mais este grande trabalho!
O Pantera Negra
Eusébio, um grande senhor do futebol Português. Um verdadeiro ícone para quem gosta e não gosta de Futebol. Para quem gosta porque trouxe ao Futebol alegrias, vitórias e sucessos à equipa Benfiquista. Para quem não gosta, porque elevou ao mais alto nível o nome de Portugal. Apesar de eu ser Sportinguista de coração, é com muita honra que faço esta justa homenagem ao Pantera Negra.
A Infância
EUSÉBIO DA SILVA FERREIRA, quarto filho de Elisa Anissabeni, nasceu numa modesta casa em Moçambique a 25 de Janeiro de 1943.
A infância de Eusébio esteve sempre ligada à bola. Brincava ao futebol com os amiguinhos da mesma idade, as bolas eram feitas de trapos, e faziam dos coqueiros as suas balizas. Por causa da sua paixão por jogar Futebol, descuidava muitas vezes da escola, o que fazia com que a sua mãe não gostasse nada disso, o que lhe valeu alguns açoites. D.Elisa dizia-lhe muitas vezes que ou estudava ou nunca ia ser niguém na vida.
A Paixão e o Desgosto
Apesar de tantas advertências feitas pela mãe, o destino de Eusébio era o futebol.
Eusébio jogava no Clube da sua cidade chamado os Brasileiros. O clube tinha esse nome porque a selecção Brasileira tinha deslumbrado todos, com os seus craques e algumas equipas brasileiras tinham exibido os seus dotes na antiga Lourenço Marques (hoje em dia Maputo), o que fez com que toda agente delirasse com aquele futebol e quisessem imitar os seus ídolos, não só na forma exímia de jogar como nas alcunhas, e Eusébio era apelidado de Pélé.
Eusébio tal como o Brasileiro era negro, robusto, vinha de uma família humilde e tinha uma habilidade fora do cumum com a bola, fazendo muitos golos, mas sempre rejeitou a alcunha pois queria ser conhecido como Eusébio e não como sósia de Pélé.
Eusébio sonhava em Jogar no Desportivo, esse era o seu clube de coração e Mário Coluna o seu grande ídolo. Mas nunca conseguiu realizar o sonho. A recusa dos dirigentes do clube em, ao menos, o deixar pôr os pés no campo, ficou marcada, no coração do jogador que disse numa entrevista :«A primeira vez que lá fui a um treino, não me aceitaram, nem me deram equipamento para treinar. Fiquei ofendido, mas, mesmo assim, ainda fiz segunda tentativa. Tornaram a dizer-me que não. Foi nesse dia de desgosto que decidi ir para o Sporting. No fundo, o que eu queria era jogar à bola.»
Do Sporting para o Benfica
Aos 17 anos Eusébio tornou-se motivo de discussão. Descoberto no Sporting de Lourenço Marques, Moçambique, assinou contrato com o Benfica. O Sporting de Lisboa entrou na Justiça alegando que o clube moçambicano era uma filial sua e, portanto Eusébio, deveria dar prioridade ao Sporting. Depois de quase seis meses de luta judicial o Benfica levou a melhor e, aos 18 anos, o atacante estreava-se na equipa B das águias, contra o Atlético de Lisboa e logo na sua estreia marcou 3 golos. No mesmo ano já estava na Selecção Portuguesa que fracassou nas eliminatórias do Campeonato do Mundo. Um ano depois, dois golos seus decidiram a Taça dos Campeões da Europa. O Benfica conquistou o título ao Real Madrid de Puskas e Di Stefano por 5 x 3.
O Génio e as Glórias
Eusébio fazia golos de todas as formas. A mestria com que dominava a bola, fazia com que os adversários pouco mais pudessem fazer do que tentar impedir de alguma forma que Eusébio rematasse, pois a sua habilidade para marcar golos era sem dúvida surpreendente. Foram 316 em 294 jogos pela primeira divisão portuguesa, 97 em 60 jogos pela Taça de Portugal. Foi seis vezes o melhor goleador do Campeonato Português, duas vezes o melhor goleador da Europa e foi considerado o melhor goleador do Campeonato do Mundo de 66, o único que disputou.
Eusébio quase levou Portugal à decisão com os seus golos: um contra a Bulgária, dois contra o Brasil, quatro na Coréia do Norte.
O Pantera Negra era óptimo cabeceador, tinha um pontapé portentoso e dominava com os dois pés como ninguém, era veloz, colocava-se muito bem, além de ser extremamente inteligente em campo. Ganhou uma Bola de Ouro de melhor jogador da Europa e foi vice duas vezes. Jogou pelo Benfica durante 15 anos, e essas foram épocas de glória para a equipa Benfiquista. Mas tanto tempo no pequeno futebol português impediu uma projecção maior no futebol mundial. Depois de um bicampeonato no começo dos anos 60, os portugueses só foram conquistar um título europeu de clubes na década de 80. A Selecção Portuguesa ficou fora dos Mundiais de 70 e 74, apesar dos seus golos. Em 1969, ficou em último lugar no grupo em que se classificaram os romenos. Quatro anos depois, perdeu a vaga para a Bulgária.
A Baixa de Forma
Para se ver Eusébio, só mesmo nas seguidas e infinitas excursões que o Benfica fazia mundo fora e numa delas acabou por magoar o joelho o que fez com que a partir daí nunca mais recuperasse a antiga saúde. As lesões começaram a marcá-lo com rigor. Em 1974, pela primeira vez desde os anos 60, foi excluído de uma convocação do Seleccionador Português. Aos 32 anos, o Benfica acabou por vendê-lo á liga norte-americana. Lá, andou de clube em clube, visivelmente acima do peso e já muito em baixo de forma, esperando a bola vir para então mostrar a sua arte.
O seu ultimo lance de génio, foi feito aos 35 anos no New Jersey Americans, quando sem ninguém esperar, que Eusébio em baixo de forma, aproveitou uma bola desviada de cabeça para num tiro certeiro fazer um fantástico golo de bicicleta.
Sem dúvida o génio mostrou que apesar da idade a sua raça futebolística mantinha-se.
Para os Benfiquistas ele é um grande orgulho, e para todos os Portugueses também o deverá ser, pois o Eusébio humilde, de chinelo de dedo e bola de trapos tornou-se no ídolo de muitos pelo mundo fora e por isso, o Benfica fez-lhe a merecida homenagem de colocar em frente ao estádio da Luz uma estátua sua.
Parabéns Eusébio.
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