O FCP vinha de um resultado positivo frente ao Varzim, mas imediatamente antes teve a sua chicotada psicológica, fruto de maus resultados, más exibições e de algumas atitudes, Octávio Machado foi despedido após a derrota no Bessa por 2-0, dando lugar a José Mourinho.
De realçar que os primeiros tempos de Octávio Machado foram uns dos melhores de toda a minha memória enquanto adepto do FCP, já que a equipa jogava, jogava e tornava a jogar, dominando completamente o adversário.
Fica-me na retina uma eliminatória frente ao Celtic de Glasgow, um dos maiores hinos ao futebol de que eu me lembro. Mas as atitudes contra Jorge Costa, por exemplo, levaram a que os jogadores o deixassem cair. De realçar que foi no tempo de Octávio Machado, que de resto ele não deixou passar em claro, que foi lançada a dupla Jorge Andrade e Ricardo Carvalho. A mudança de treinador foi logo recuperada no jogo seguinte frente ao Varzim, com uma magra vitória conseguida através de um golo de Deco.
Passando ao clássico propriamente dito, que serviu antes de mais para baptizar o avançado McCarthy no futebol portugês, o Benfica entrou no jogo de forma acutilante, muito rápido sobre a bola, com passes longos e precisos e deixando poucos espaços para o jogo do FCP. Não seria de estranhar que o golo surgisse por parte dos visitantes, e foi precisamente isso que aconteceu aos 20minutos, através de uma finalização irrepreensível de Simão após uma simulação de Zahovic a um cruzamento de Anderson.
O dominio do Benfica era evidente, mas por volta dos 35 minutos de jogo o FCP começou a pressionar mais e a conseguir chegar primeiro aos lances, começando a equilibrar o jogo e passando nesse momento a dominá-lo. Talvez a sorte tenha chegado cedo de mais, pois após poucos minutos de domínio, a equipa da casa chega ao empate através do mágico Deco, com um pontapé muito colocado de fora da área, aos 43 minutos.
Chega o intervalo e os ânimos aquecem na bancada junto dos adeptos dos visitantes, obrigando a polícia a intervir.
Chegado o segundo tempo, o FCP entrou melhor no jogo, e Cândido Costa fez questão de mostrar isso mesmo, fazendo “gato-sapato” de Armando Sá em três lances soberbos de técnica e rapidez. Aos 49 minutos surge o segundo golo do FCP por intermédio de um remate na sequência de um livre, concluído por outro mágico, Dimitri Alenitchev, que tinha entrado ao intervalo para o lugar do Esloveno e esquerdino Pavlin. Esloveno era também o jogador que Alenitchev enganou de uma maneira tão simples quanto subtil, com uma simulação de remate que fez com que Zahovic saltasse deixando o ângulo certo para desferir o remate impossível de ser parado por Robert Enke, que ainda chegou a tocar-lhe. Passados tão-somente 5 minutos, surgiu o momento da noite. Jogada de persistência do ataque do FCP, surge um toque de cabeça para Capucho que à entrada da área e à saída do guarda-redes do Benfica, faz um chapéu do tamanho do mundo para colocar a bola no fundo das redes. Incrível a calma daquele jogador. Lembro-me perfeitamente como ele comemorou o golo, sem entusiasmo e olhando para todos os adeptos como que ficando à espera da apoteose, do culto e da honra que lhe tinha que ser feita naquele momento. No minuto seguinte e como que querendo acabar com a euforia dos adeptos do FCP, Mantorras finaliza uma jogada do ataque benfiquista, encostando o pé à bola, colocando-a no fundo da baliza. Saída de McCarthy em noite de estreia, de Anderson e de Zahovic, dando lugar a Pena, Fernando Aguiar e Drulovic respectivamente. Este último recebeu a assobiadela da noite. O jogo ia aproximando-se do fim sem que surgissem lances capazes de alterar o resultado para um ou outra equipa. De referir ainda a ovacionada saída do quebra-cabeças Cândido Costa para a entrada de Costinha e a saída de Tiago para a entrada de Ednilson.
Este jogo foi emocionante, bem disputado e com o resultado quase sempre em aberto. Digamos que 5 golos num jogo destes é sempre agradável de assistir, leva público ao estádio e torna um jogo destes num verdadeiro clássico, onde a incerteza do resultado é o ingrediente fundamental.
Pede-se que este próximo clássico de Sábado próximo seja espectacular, bem disputado, correcto e sem erros de arbitragens, se possível. Se tal não for possível, ao menos que o FCP ganhe.
Ficha do jogo: Estádio das Antas; 22ª Jornada; Domingo, 10 de Fevereiro de 2002. Árbitro: João Ferreira; Auxiliares: Araújo Costa, José Luís Melo e Carlos Amado.
FCP: Vítor Baía, Soderstrom, Jorge Andrade, Ricardo Silva, Secretário, Paredes, Pavlin (Alenitchev 45’), Deco, Cândido Costa (Costinha 83’), Capucho e McCarthy (Pena 56’).
Suplentes: Paulo Santos, Ricardo Costa, Costinha, Paulinho Santos, Alenitchev, Postiga e Pena
Treinador: José Mourinho
SLB: Enke, Armando Sá, João Manuel Pinto, Caneira, Júlio César, Tiago (Ednilson 80’), Simão, Anderson (Fernando Aguiar 57’), Zahovic (Drulovic 57’), Jankauskas, Mantorras.
Suplentes: Moreira, Fernando Aguiar, Andrade, Ednilson, Drulovic, Porfírio e Pepa.
Treinador: Jesualdo Ferreira.
Marcadores: Simão (17’), Deco (43’), Alenitchev (49’), Capucho (54’) e Mantorras (55’).
Disciplina: Cartões Amarelos a Secretário, Pavlin, Simão e Fernando Aguiar.
Nesse ano o FCP ficou em terceiro, o Benfica em quarto, sagrando-se campeão o Sporting seguido pelo Boavista.
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