Chegou com fama de disciplinador e de se caracterizar com uma forte presença no balneário. Um líder… alguém por quem as hostes portistas há muito aguardavam para disciplinar o balneário do Dragão onde a indisciplina reinava numa equipa à deriva desde a saída de José Mourinho e onde os sucessores nunca conseguiram comportar a responsabilidade de tão pesada herança.
O Homem do punho de ferro lá chegou de Alkmaar e desde logo impôs a sua presença e os seus métodos cuja rigidez obrigaram ‘o mais incauto jogador’ a se aplicar se tivesse como objectivo um lugar na equipa ‘azul e branca’. As mexidas no plantel não tardaram muito e as dispensas aconteceram com a mesma frieza que caracteriza o seu autor. Se os adeptos, apesar de surpreendidos, compreendiam este procedimento e até agradeciam a necessidade das medidas de choque à equipa, já o mesmo não se podia dizer de outros aspectos da sua ‘política’. A gestão e escalonamento da equipa sempre foram de uma enorme inconstância. A utilização oscilante e fugaz de jogadores como Diego, Ibson e Jorginho, bem como a rotatividade excessiva, autenticas revoluções na equipa titular, acabam por deixar passar uma imagem de constante experiência do técnico holandês daquela que já deveria estar defenida como equipa base. Com o avançar da época esta situação passou a ser incómoda para os adeptos e começou a gerar uma onda de contestação que conheceu no passado fim-de-semana o seu ponto mais alto…e até violento.
Adriaanse, sem se justificar, tem o argumento recorrente de ser o responsável técnico da equipa, logo não ter de se justificar pelas suas escolhas. Se até aqui é francamente simples a situação do treinador perante os adeptos o mesmo já não acontece com a forma como geriu as situações de Jorge Costa e mais recentemente Vítor Baía…dois históricos da equipa e símbolos inquestionáveis do clube do Dragão. A questão do afastamento de Jorge Costa é contemporânea à do afastamento de Postiga (outro dos mais queridos pela massa adepta), relegado para a equipa B. O capitão Jorge Costa tem sido uma peça fundamental dentro do projecto vencedor do Porto ao longo dos tempos. O seu carisma e liderança são preponderantes nos sucessos recentes da equipa portista e não mereceu o tratamento dado por Adriaanse, que nem lhe permitiu um último jogo pelo Porto antes da saída. Já com Vítor Baía a questão afigura-se um pouco mais complexa, mas não deixa de representar o aumentar da revolta dos adeptos. A derrota estrondosa na Amadora perante o Estrela, onde Baía acabou por sofrer um autêntico frango marcou a sua saída da equipa, como que por castigo, onde ‘pegou de estaca’ Helton. A forma como tudo foi feito deu a entender que Adriaanse esperava uma pretexto para afastar Baía da equipa.
Estas incidências conjugadas com a série recente de resultados negativos do Porto incendiaram de forma irreversível o ânimo já de si incendiado dos adeptos, que resultou nos graves, e lamentáveis incidentes do Campo de Treinos do Olival onde Adriaanse foi insultado e a sua integridade física foi posta em causa ao partirem-lhe os vidros da viatura com este no seu interior. A autoria do crime foi apontada à claque Super Dragões, visto os carros de elementos da direcção da mesma terem sido captados pelas câmaras de vigilância do complexo de treinos. Conhecemos a realidade das claques e ser presidente de uma claque grande como os Super Dragões é como ser o general de um pequeno exercito. Bastava um telefonema a encomendar tal serviço para que ele se efectuasse simplesmente. No seguimento desta suspeita, infundada na perspectiva da claque, a direcção do Porto decidiu retirar todos os previlégios aos Super Dragões, ou seja: Preço dos bilhetes mais barato para membros da claque, venda do merchandise nas lojas oficiais do clube e ainda retirar o subsidio anual à claque bem como o financiamento às deslocações.
Compreende-se a insatisfação do adepto portista, mas perante a gravidade dos factos e por uma questão de dignidade reconhecida ao clube não poderá pedir-se a demissão do técnico nos tempos mais próximos. Pode exigir-se argumentando que estão em jogo interesses desportivos e a ética não pode sobrepor-se ao dinheiro investido nem aos interesses desportivos a ele inerentes. A isso respondo: Adriaanse está em primeiro, a quatro pontos do segundo classificado.
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