quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Preconceito? Naaaaaaaaa...

Boa tarde a todos.

Hoje é a minha estreia oficial no blog, apesar de já antes ter escrito, hoje finalmente está oficializada a união. Por falar em união, lembro-me da polémica existente em torno das duas mulheres que aqui em Portugal se querem casar, e a lei não permite. As duas senhoras decidiram oficializar a relação, e nós como país preconceituoso que somos, dizemos que não, com uma lei que vai contra o que a constituição diz… e perguntam vocês o porquê de eu estar com uma conversa destas num blog de futebol... não, não sou lésbica e não estou a pensar assumir-me virtualmente, simplesmente, a minha presença aqui, vai de encontro ao excelente trabalho, que a minha eterna amiga SpicedBlond, construiu, que foi a defesa do futebol feminino, por isso, eu, irei dar continuidade a um tema, que continua tão polémico, absorto em ideias parvas e pré-concebidas e que consegue causar uma certa “comichão” a muita gente, da mesma forma que este assunto de liberalização homossexual continua a ser tema tabu.

Pode muita gente estar a pensar o que tem uma coisa a ver com a outra, que as coisas não são bem assim, e que a mentalidade está a mudar, pois vejamos como dois assuntos tão distintos, vão de encontro a uma mentalidade tão tacanha.
Ora vejamos:

Se eu disser : “ Sou lésbica e vou-me casar”
80% de Portugal diz: “ Estás mas é com uma doença qualquer, és doida”

Se eu disser: “ Jogo futebol”
80% de Portugal diz: “Jogar futebol? Isso é coisa de homem, só te falta gostar de gajas:-)”

Se eu disser: “Opção sexual não é doença, cada um é livre de escolher o que o faz feliz?”
80% de Portugal diz: “Não é doença o c******, cambada de deficientes”

Se eu disser: “ Existem mulheres que jogam muito bem”
80% de Portugal diz: “ O que? Ainda se fosse ballet? Agora futebol? Por amor de Deus, são tão deficientes, que até se atrapalham com os proprios pés”

Se eu disser: “Cada vez o preconceito é maior, porque as pessoas não se preocupam em apoiar devidamente os elos mais fracos da sociedade.
80% de Portugal diz: Apoiar? Morte a todos eles

Se eu disser: Cada vez é mais dificil praticar futebol feminino em Portugal, porque quem pode apoiar simplesmente não olha com olhos de ver para uma modalidade carenciada.
80% de Portugal diz: “ Para quê gastar dinheiro, com uma modalidade, que a curto prazo não da LUCRO, e que não mostra desenvolvimento?”

Ora se eu disser: “ É normal que enquanto forem preconceitusos, cada dia sera mais dificil, de se poder exprimir as nossas vontades com liberdade?
80% de Portugal diz: “ Mas nós não somos preconceituosos, por mim tudo bem, sejam felizes e tal…desde que não venham para o meu lado…”

Se eu disser: “Como querem ver produtividade e rentabilidade, se não nos dão meios para tal? Enquanto se pensar de forma preconceituosa em relação a mulheres jogarem futebol, nunca se conseguirão bons desempenhos.”
80% de Portugal diz: “ Quer dizer, não é preconceito, porque eu ate gosto de ver as gajas a jogar a bola, principalmente quando há gajas boas, mas quer dizer, não comparemos, uma coisa é ver gajas num salão na associação da localidade, outra é ver o glorioso na catedral”

Peço desculpa, se fui mais rude em algumas das coisas que disse, mas felizmente ou não uma das minhas grande qualidades é ser sincera em tudo o que faço, e isto não é nada mais do que o retrato espelhado da realidade portuguesa: uma realidade preconceituosa e carente de valores e novos ideiais, e repleta de facciosimos em que só o que parece bem e o que pode futuramente vir a dar mais do que se espera é que vale apena ser olhado duas vezes, tudo o resto é brincadeira de quem não tem mais nada que fazer na vida.
Espero não ter ofendido ninguém e que o uso deste tema não tenha ferido susceptibilidades, apenas o usei como forma de comparação, não querendo agredir ninguém, tal como o uso do Glorioso, apenas me lembrei, deste clube, porque apesar de ser Sportinguista, é realmente o clube com mais adeptos no nosso país.

Assim sendo termino esta minha primeira abordagem, ao tema, com desejo de poder continuar a melhorar o meu trabalho, e a lutar por algo em que eu AINDA ACREDITO, que é o futebol feminino.

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