quinta-feira, outubro 13, 2005

Porto Vs Benfica Atacante Histórico: FCP 0 - SLB 1, 21 de Agosto de 1983


Cabe-me a mim iniciar a antevisão do Futebol de Ataque ao próximo grande derby no estádio do Dragão, os 4 membros fundadores do Blog, adeptos do Benfica e Porto, vão nos próximos 2 dias recordar os clássicos que mais marcaram a nossa memória.
Espero que apreciem e que sirva para abrir o apetite para um grande jogo de futebol!

21 de Agosto de 1983, o Estádio das Antas no Porto recebe a final da taça de Portugal entre F.C.Porto e Benfica, não me enganei, foi mesmo no estádio das Antas e em pleno Agosto.
Isto porque a 1 de Junho de 1983, depois de uma escaldante assembleia geral do F.C.Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa decide boicotar a final da taça de Portugal entre Benfica e Porto no Jamor, “Vamos a ver se a FPF tem a coragem de nos mandar para a 2.ª Divisão, pois é esse o desejo que os move, pois Lisboa quer continuar a colonizar o resto do País”, foram estas as declarações do Presidente Portista.

A história começa no início da época quando Romão Martins, então presidente da Federação Portuguesa de Futebol, ofereceu a organização da final da Taça à Associação de Futebol do Porto, sem que isso tenha sido motivo de muita celeuma. Quando ficaram definidos os finalistas, já sob a direcção de Silva Resende, a polémica estalou, com o novo presidente a dizer que a final deveria ser disputada no Estádio Nacional. As Antas tremeram e Pinto da Costa declarou guerra à FPF. Surgiu então a possibilidade de realizar a final em Coimbra, no Estádio do Calhabé, com o argumento que ficava no centro do país, a meio caminho entre Lisboa e Porto. Pinto da Costa não cedeu e convocou uma Assembleia Geral, que viria a ser a maior de sempre. A 1 de Junho, o antigo Pavilhão Américo de Sá ficou a rebentar pelas costuras e, depois de horas de discursos inflamados, ficou decidido que se a final não fosse nas Antas o F.C. Porto não compareceria, assumindo o risco de despromoção à III Divisão. O Conselho de Justiça da Federação reúne-se a 8 de Junho e decide adiar o decisivo jogo para uma data a anunciar. Os jogadores vão de férias, mas ficam de prevenção, uma vez que o jogo poderia ser marcado para qualquer altura. O braço de ferro manteve-se até ao limite e a federação acabou por ceder, depois do Benfica também ter aceite jogar no terreno do rival.

O Benfica vinha de uma época bastante positiva, tinha conquistado o titulo nacional e perdido na final da taça UEFA com o Anderlech depois de uma carreira brilhante que parecia só poder terminar com a conquista do trofeu...


Foi neste cenário e perante 40 mil pessoas vestidas de azul e branco que lotaram completamente o Estádio das Antas, que as 2 equipas entraram em campo quando estavam já em fase de pré temporada.

O Porto alinhou com Zé Beto; João Pinto, Lima Pereira, Eurico e Inácio (Rodolfo, 45m); Jaime Magalhães (Walsh, 45m), Frasco, Jaime Pacheco e Sousa; Jacques e Gomes.

O Benfica com Bento; Pietra, Bastos Lopes, Oliveira e Álvaro; José Luís, Carlos Manuel, Stromberg (Shéu, 85m) e Veloso; Filipovic (Padinha, 59m) e Nené.

No banco defrontavam-se Pedroto e Eriksson, a grande surpresa foi o lançamento no 11 inicial do Benfica de um jovem com o nome de Veloso em detrimento de jogadores como Diamantino, por exemplo...



Depois de um melhor inicio de jogo por parte dos azuis e brancos o golo decisivo chegou aos 20 minutos, na sequência de uma excelente abertura de Stromberg para Carlos Manuel, na zona frontal, ainda fora da área, rematar forte, com a bola a desenhar um arco e a enganar Zé Beto que se lançou tardiamente ao lance. Daí até final do jogo, o Benfica defendeu a preciosa vantagem e assegurou a 8.ª dobradinha da sua história.

No dia seguinte os títulos da imprensa destacaram, como não podia deixar de ser, o polémico jogo. O jornal “A Bola” destaca o médio como “o herói das Antas” num jogo “fora de horas e depois de muita guerra fria”, o “Record” destacou o final “vermelho” com um “tiro que acaba com barulho”. Nas páginas interiores de “A Bola”, lia-se que o Benfica teve “a tal estrelinha”, enquanto ao F.C. Porto faltou “o tal estofo” numa final “com muito fraco nível técnico”. Além de Carlos Manuel, “o grande pivot”, o jornal destaca ainda as exibições de Bento, que “defendeu a vitória”, de Pietra, que “realizou uma primeira parte impecável”, e ainda José Luís, “o que mais perigo criou”. Do lado da equipa do Porto, Vítor Serpa dizia que “João Pinto, Eurico e Jaime Pacheco estiveram muitos furos acima dos seus companheiros”. O jornal “Record” destaca uma “exibição de laboratório e cabeça fria”, liderada por Stromberg e Carlos Manuel, que “constituíram uma fonte inesgotável de empenho, dedicação e força”, promovendo o desequilíbrio do “fiel da balança no meio-campo”.

Terminou desta forma, com contornos de humilhação para os azuis e brancos, uma das histórias mais polémicas de sempre do futebol Português, o Benfica arrecadou a 8.ª dobradinha do seu historial depois de perder uma final da taça UEFA com o Anderlech, curiosamente na época seguinte o Porto perdeu também uma final Europeia com a Juventus, precisamente a Taça das Taças, competição para a qual tinha garantindo o apuramento através da presença nesta polémica final com o campeão nacional.

Abraços e Bons Ataques!!

P.S. Para Ti Daniela!!!!!!!!!!!

1 comentário:

André disse...

A foto apresentada do 11 no Benfica não é desse jogo pois não?