segunda-feira, outubro 03, 2005
Nuno, Piloto da Briosa.
O piloto é um barco que conhece os cantos à casa, responsável pela chegada segura, dos grandes navios que aqui e ali entram nos estuários e zonas portuárias portuguesas. É a voz de comando, e por uma vez, desafiando as leis naturais, o «mais pequeno» comanda o «maior». Nuno não poderia ter um nome mais apropriado, tendo em conta o que aconteceu ontem, na tarde de Coimbra. Um jovem, natural das camadas jovens da Briosa, comandou o jogo da turma de negro, e como não poderia deixar de ser num bom «Piloto», levou a equipa à vitória, a terreno seguro.
A Briosa entrou com uma postura atacante no jogo, procurando efectivar domínio e traduzi-lo em golos. Apostou numa táctica de 4x3x3 nas acções de ataque, que facilmente se desdobrava num 4x5x1 quando existia necessidade de defender com mais afinco. A mobilidade de Filipe Teixeira, Luciano e Fernando tal o permitiam. Assim, através de uma solidez coerente de processos, de uma dinâmica da estrutura da equipa tanto nas movimentações de ataque como defensivas, os Capas Negras, logo trataram de criar perigo.
Marcel aos 4 minutos teve uma excelente ocasião de golo, mas mostrou-se desastrado na finalização, algo que muitas vezes se repetiu ao longo do encontro. Embora jogando bem como pivot, fazendo algumas assistências importantes, que poderiam ter resultado em golo (nomeadamente para Hugo Alcântara, Luciano e Filipe Teixeira), pedia-se, sem dúvida algo mais, a um jogador que está ilibado de defender e para o qual a equipa constrói sistematicamente jogo.
O primeiro golo surgiu aos 20 minutos em jogada de entendimento entre Roberto Brum, Nuno Piloto e finalmente Fernando. Uma jogada das antigas, onde o recém-licenciado em Bioquímica pacientemente elaborou a melhor «solução» para chegar ao golo. Endossou a bola a Fernando, depois de fabricar uma excelente jogada em «tudo de ensaio», apenas teve de concluir a «experiência» com um grande remate cruzado a bater o guarda-redes dos galos. O 1-0 estava feito, as bancadas respiravam, finalmente, de alívio.
Filipe Teixeira, um dos melhores em campo, proporcionou, em toda a primeira parte um grande espectáculo pessoal. Ele recuperava, fintava com a bola colada ao pé e distribuía jogo. Aos 36 minutos é derrubado pelas costas na grande área, num claro penalty que, mais uma vez, ficou por assinalar. A posição estava ganha e o remate a ser preparado…
A primeira parte chegava ao fim, sempre com ascendente da turma de negro. Uma Académica que viveu, no primeiro tempo, do pulmão de Nuno Luís e Nuno Piloto, das investidas de Filipe Teixeira e Luciano, da solidez de Roberto Brum e do remate certeiro de Fernando.
A segunda parte, como não poderia deixar de ser, começou com alguma «tremideira». Coisas de uma equipa que busca ainda a perfeição, que não havia conseguido qualquer vitória na prova e que vencia por 1-0. O Gil Vicente embora não criando perigo exagerado para a baliza de Pedro Roma, ia chegando com mais frequência ao último reduto académico, e Rodolfo Lima criou algum mal-estar nas bancadas, num lance de cabeça.
Aí chegou um dos momentos mais inglórios da partida. Marcel bem lançado por Luciano, corre uns 10 metros isolado, finta com habilidade e técnica, o guarda-redes, e com a baliza completamente escancarada, e com a bola plenamente dominada atira às malhas laterais. Um lance que poderia ter influenciado sobremaneira o espírito dos jogadores da Briosa, que teve o condão de alimentar antigos demónios…
A equipa não se desmembrou, Paulo Adriano e Joeano entraram bem na partida, Nuno Luís e Luciano, não queriam de forma alguma deixar cair a vitória nos minutos finais, e numa excelente arrancada, depois de tabela com o 7 académico, Nuno Luís tira um adversário do caminho, espera pacientemente pela chegada de Joeano ao segundo pau, dando de bandeja o golo ao avançado brasileiro.
Primeiro golo de Joeano na prova, respirou de alívio, em uníssono, o Estádio Cidade de Coimbra, aos 90 minutos da partida.
Análise Individual:
Pedro Roma – Sempre seguro na saída aos cruzamentos e cantos, nem uma defesa de registo, com grau elevado de dificuldade…Quando assim é, nada mais se pode exigir.
Nuno Luís – Grande exibição do lateral-direito da Briosa. Correu kilometros, passou a bola sempre jogavel, e defendeu finalmente, a sua posição no sector defensivo direito, e não em espaços interiores. Muito bem a calma com que endossou a bola para Joeano, culminando a excelente exibição com uma assistência plena de técnica e de leitura de jogo superior.
Zé Castro – Subiu sempre a preceito, arrancou muitas vezes a equipa da letargia, e defendeu o seu sector de forma quase que irrepreensível.
Hugo Alcântara – Tal como Zé Castro, subiu diversas vezes ajudando o sector mais avançado. Numa dessas ocasiões, após assistência de Marcel, poderia ter facturado.
Lira – Arrancou uma bela exibição. Poucos laterais deste campeonato conseguiram para Carlitos de forma tão eficaz. Ainda teve tempo de dar uma ajuda na frente, mas mostrou-se algo afoito nos lances de «queima». Um pouco mais de paciência e será um concorrente sério à posição de Ezequias…
Roberto Brum – Para quem está mal, para quem poderia não fazer parte dos planos iniciais do técnico, mostrou futebol de bom nível. Percebe-se que os índices físicos ainda não estão no auge, mas demonstra solidez nas acções de meio-campo.
Nuno Piloto – Um dos melhores em campo, uma excelente exibição. Dínamo das transições defesa – ataque , recuperador e gerador de lances de perigo. A licenciatura «honoris causa» em futebol, foi-lhe ontem passada, no Cidade de Coimbra, por 5000 reitores.
Filipe Teixeira – Mais uma grande exibição de um grande jogador. Polivalente nas acções de ataque, abnegado nas acções defensivas, não vira nunca a cara à luta, mesmo que castigado pelos adversários… nos últimos dois jogos, dois penaltys sobre ele ficaram por marcar…
Luciano – Mais sólido na segunda parte. Na primeira foi alvo de marcação especial e teve sempre de lutar mais, do que jogar futebol. Quando finalmente lhe soltaram as amarras correu, correu, que a páginas tantas a sombra, ou a alma, já não o conseguiam acompanhar.
Fernando – Um grande golo a culminar uma excelente jogada de ataque. Colou, finalmente (!) mais à esquerda e rubricou uma das melhores exibições que fez desde o inicio da Superliga. O pessoal do Simplesmente Briosa, já o tinha avisado…
Marcel – O caso. Jogou bem como pivot, fez três assistências para golo, mas pede-se mais a este avançado. Não pode falhar uma oportunidade daquelas… Correu de forma excelente com a bola colada ao pé, fintou de forma superior o guarda-redes, tinha a bola dominada (entrarei com ela pela baliza a dentro?) e chutou para as redes laterais. Todo o seu corpo deve ter tremido na hora do remate. Acontece a quem por lá anda. Cá por mim, bati-lhe palmas no final. Pelo símbolo.
Paulo Adriano – Trouxe solidez ao jogo, quando se pedia alguém que impusesse ritmo. Cumpriu a preceito a missão.
Pedro – Entrou para dar solidez ao lado esquerdo. Subiu bem de defendeu de forma positiva. Quer mostrar serviço e isso é algo que condiciona a sua forma de jogar. Com o tempo virão as boas exibições…
Joeano – O Homem do encontro. O melhor jogador em campo. Por muito injusto que seja para Nuno Piloto, Nuno Luís, Filipe Teixeira ou Luciano. A verdade é que eu estava todo «acagaçado» com os minutos finais e o rapaz trouxe-me paz à alma. Um remate um golo. Bendito seja!
Académica 2
Treinador: Nelo Vingada
24- Pedro Roma
5- Hugo Alcântara
6- Lira
7- Luciano
10- Marcel (84m)
13- Zé Castro
14- Filipe Teixeira (75m)
20- Fernando (67m)
27- Nuno Luís (cap.)
28- Nuno Piloto
88- Roberto Brum
SUPLENTES
12- Dani
2- Joeano (84m)
3- Danilo
9- Gelson
16- Pedro Silva (75m)
19- Paulo Adriano (67m)
87- Zada
Gil Vicente 0
Treinador: Ulisses Morais
1- Jorge Baptista
2- Edson (ao intervalo)
4- Rovérsio
7- Carlitos (ao intervalo)
8- Elias (58m)
13- Nandinho (cap.)
14- Carlos Carneiro
15- Gregory
16- Braima
20- João Pedro
26- Williams
SUPLENTES
12- Paulo Jorge
6- Bruno Tiago
9- Leandro Netto (58m)
17- Robélio
19- Rodolfo Lima (ao intervalo)
27- Luís Coentrão (ao intervalo)
30- Tonanha
Estádio Cidade de Coimbra.
Assistência: 5.089 espectadores.
Árbitro: António Costa (Setúbal).
Auxiliares: Venâncio Tomé e João Tomatas.
Ao intervalo: 1-0.
Marcadores: Fernando (21m) e Joeano (90m).
Acção disciplinar: cartão amarelo para Edson (15m), Gregory (51m), Lira (54m) e Rovérsio (72m).
Nelo Vingada:
«A mancha negra das nossas exibições, foi o resultado com o Setubal. Esta fou uma vitória justa com exibição razoável. Depois de 2 empates postivivos, foi a letargia completa no jogo em casa».
Sobre a paragem no campeonato, Nelo Vingada afirma «que vai dar para recuperar alguns jogadores, aparagem vai ser benéfica. Para recuperar e integrar, um ou outro jogador».
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