Quando se fala em rigor e objectividade jornalística importa realçar o papel daquele cujas reproduções impressas ou audiovisuais são relevantes: o jornalista. Considero, pois que, em jornalismo desportivo importa sobretudo traçar o perfil da figura que dá vida aos intervenientes e aos seus espaços. “Os factos são sagrados. A opinião é livre”. Um conceito que contém a essência do que deve ser o trabalho de investigação jornalística: os factos devem ser relatados de acordo com a forma exacta e fiel de como acontecem. Um jornalista é um informador. O seu trabalho é dar ao público a verdade dos factos. Mas, e quando os factos tendem a ser distorcidos e erróneos?
A actualidade desportiva é uma realidade caótica: os casos sucedem-se, multiplicam-se, geram conflitos. A actualidade está na ordem do dia. Os leitores e os espectadores querem “estar em cima do acontecimento”. Vivê-lo. Discuti-lo. Os bons e os maus resultados. Os técnicos. A direcção. Os jogadores. As contratações. As rescisões. Há uma pressão sistemática sobre os repórteres que têm como função relatá-los. A concorrência entre os meios de comunicação traduz-se na urgência e na imperatividade de serem eles os detentores do “furo jornalístico”. Quem tem o “furo” tem as audiências. Nesse frenesim, por vezes ouve-se mal. Não se percebe bem. Induz-se. Supõem-se. Especula-se. E o pior? Não se confirmando as fontes, não se questionam as mesmas, os factos deixam de ser autónomos. É uma bomba? “Toca” a publicar e a emitir o directo. Porque as pessoas compram. As pessoas pagam para ver. E o resultado? Sentem-se enganadas. A notícia não corresponde à verdade. De facto, não se confirma a contratação do craque. Não é verdade que o técnico vá rescindir contrato. Etc...etc...
A imprensa desportiva é das mais lidas diariamente em Portugal. No entanto, é das que mais queixas recolhe entre os leitores, pelos aspectos acima referidos. Contradição das contradições, as pessoas queixam-se mas não deixam de ler o seu desportivo. Reclamam da falta de objectividade mas continuam a pagar por ele. Sendo que o que conta cada vez mais e verdadeiramente é a questão das tiragens e das audiências e o que as pessoas mais gostam é de sangue, escândalos e afins, conclui-se que a culpa não morre solteira. O tal serviço jornalístico que se devia pautar pela objectividade, não acontece de todo. Dá-se ás pessoas o que elas querem saber e não o que é relevante, exacto e fidedigno.
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