terça-feira, março 28, 2006

Clube do Coração! (diário de observador)


Olá!
Hoje esta rubrica do Diário de Observador vai ser um pouco diferente.

Hoje fui observar o clube do meu coração.
É, como é evidente, um sentimento diferente. Sentimento esse mais forte, com saudade á mistura e com menos imparcialidade, pois admito que me deu vontade de festejar os golos do “Vila”, mas mantive a ética e optei pela serenidade.

Face a ter observado o meu clube do coração, e colaborar com o blog da mesma equipa, deixo-vos com uma breve análise feita por mim ao que vi da equipa.
Espero que seja útil ao grupo de trabalho e agradável para quem lê

Bom, não vou fazer uma análise pormenorizada á equipa pois seria eticamente incorrecto da minha parte, principalmente para com os responsáveis técnicos do “Vila” e até de alguma injustiça para com os jogadores…pois não é em 1 jogo que se avalia as reais potencialidades de cada 1.

No entanto, algo me inquietou durante o jogo.
A equipa adiantou-se no marcador e construiu uma vantagem confortável, mesmo jogando contra o vento. O adversário jogava já com 10 elementos.
Seria de esperar uma 2ª parte tranquila e até com uma dilatação da vantagem.

No entanto isso não aconteceu.
A equipa “desceu” de produção, e sofreu para vencer.
Será por falta de qualidade? O que terá passado?

Nos escalões de formação o factor de Rendimento - Físico , toma uma importância extraordinária.
Não apenas na disputa individual dos lances, mas também na forma como a condição física é gerida… e é mantida durante toda a partida.
O que começou a faltar ainda na 1ª parte, isto depois da equipa estar em vantagem e a jogar contra 10, foi claramente uma gestão de esforço.
E como se consegue essa gestão sem perder qualidade de jogo? Posse de bola!
Em pelado nem sempre é fácil controlar a posse de bola, mas em relvado esta é francamente possível, se todos os elementos mantiverem uma posicionamento correcto em campo, não estando muito perto uns dos outros, mas também não muito longe.
Cruyff, ex glória Holandesa, inventou o 3-4-3 (que depois foi alterado para 4-3-3) a pensar exactamente na dificuldade que na formação os atletas sentem em fazer a bola chegar de uma flanco ao outro. Assim, criou um esquema táctico em que a posição de cada elemento fazia triângulos geométricos com os colegas mais próximos, para que dessa forma fosse mais fácil uma circulação contínua e segura da bola de um flanco para outro, da defesa para o ataque e vice versa.

Ora transportando a importância do posicionamento para atingir a posse de bola para o vosso jogo, penso que os jogadores foram traídos por alguma ansiedade e nunca souberam bem ser rigorosos no sistema táctico e dinâmica montados para este jogo, que sinceramente..me pareceu muito inteligente, e daqui os meus parabéns á equipa técnica.
O facto de estarem a actuar com elementos móveis no terreno, facilitaria essa posse de bola..e esses jogadores, embora ainda bastante novos, têm que começar a assumir o jogo e procurar ser eles a marcarem o ritmo de jogo.

Tudo isto deveria ter sido possível num jogo de 11 contra 11, e muito mais num 11 contra 10.

No entanto, como clara atenuante tinham os resultados menos positivos da última semana, que aumentam a ansiedade da equipa.

Assim, e para terminar a análise á 1ª parte, penso que jogaram de forma inteligente e muito conseguida até á vantagem.
Depois foram algo “gananciosos” e quiseram marcar mais e muito depressa, criando um desgaste físico desnecessário.
Até porque era o Coimbrões que tinha que correr atrás do prejuízo, o que vos possibilitaria aproveitar a velocidade dos pontas e do jogador mais móvel da equipa.

Na 2ªa parte, a ganhar por 2, contra 10 e a jogar a favor do vento, tinham tudo para golear.
Mas notou-se claramente o desgaste da primeira parte, notou-se a tal ansiedade e acabaram por tremer.
Quando é assim, joguem confiantes, sem pensar nos jogos anteriores.
Assumam a vossa superioridade e joguem tranquilamente e em colectivo, para que dessa forma e pacientemente vão dominando os ritmos de jogo, a posse de bola e isso vos possibilite marcar mais golos.

O momento chave é o golo sofrido.
O nervosismo foi por demais evidente, mesmo estando em superioridade numérica.
E o que é que o nervosismo vos levou a fazer? A perderem-se em campo.
Vi várias vezes o staff técnico, a pedir aos jogadores para se focarem no posicionamento correcto em campo. Foram incansáveis a tentar corrigir isso.
Mas vocês ,jogadores, estavam mais interessados em se “afunilar” no centro do terreno para tapar os caminhos para a baliza, portanto o 2º golo surge, por falta de lucidez e frescura física vossa.

No entanto, quando já via tudo muito mal parado…..
Aceleraram o ritmo. O que, desculpem a sinceridade, mesmo assim não foi suficiente para uma equipa que na 1ª parte mostrou o seu real valor.

Em termos gerais, o que me fica na retina, é que vocês têm uma equipa com valor, capaz de se bater com a maioria das equipas da vossa “série”, e até têm alguns jogadores com capacidade para desequilibrar.
Mas não podem encarar os jogos com ansiedade ou com espectativa. Assumam! Assumam o jogo, porque dessa forma irão ser vocês a dominar a parte “psicológica” do jogo, levando o adversário a entrar em ansiedades e nervosismos.
Por outro lado, tentem ser mais rigorosos a cumprir aquilo que vos é pedido pelo treinador e seus adjuntos. Mantenham um posicionamento correcto e isso consegue-se com tranquilidade e sobretudo, após estarem apenas concentrados e focados no jogo, algo que por vezes não pareceu.
Costuma-se dizer que os grandes jogadores são aqueles que jogam ao mesmo nível durante o jogo todo, e não apenas 45m. E é por aí que vocês devem abordar o vosso jogo e melhora-lo. Mas isso não cabe apenas aos técnicos, cabe a vocês mesmos interiorizarem a vossa missão.

Por fim, mantenham a objectividade.
Na 2ª parte, perderam muitas vezes a posse de bola por preciosidades técnicas. Pressionaram menos por considerarem que o jogo estava ganho, e até se desconcentraram ao ponto de não cumprir posicionalmente e movimentacionalmente.
Não podem.

Parabéns a todos vocês pela vitória, têm uma equipa capaz de melhorar cada vez mais, e têm jogadores interessantes, com bons pormenores técnicos e até com alguma maturidade.
Mas têm que o demonstrar do 1 ao ultimo minuto, e do 1 ao ultimo jogo, e só assim, talvez consigam fazer carreira como jogadores no Vilanovense ou até em clubes de maior dimensão.

Muito boa sorte!
Força Vila! “

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