Acabei de ler um livro escrito por 4 Licenciados em Alto Rendimento do Desporto, livro esse sobre José Mourinho e a sua forma de abordar o treino.
Ao contrário de outros livros sobre esta figura, este é mais específico denotando mais complexidade na compreensão, pois aborda o treino e suas especificidades de forma profunda.
No entanto, depois de “devorar” o livro, em vez de ficar a pensar unicamente no que aprendi sobre o treino e como treinar, fiquei a pensar na seguinte premissa:
O que é preciso para considerarmos alguém um génio?
Bom, as respostas a esta pergunta são imensas e vastas.
No entanto, vou dar-vos a minha.
Para atingirmos a genialidade precisamos de “Criar” algo. Esse algo terá que ser forçosamente inovador, “belo” e arrebatador.
Einstein criou a teoria da relatividade, Beethoven algumas das mais fabulosas peças musicas, e a lista alongava-se ….
O que me leva a “juntar” génios a Mourinho?
Bom, penso que é simples.
Poucos são os comuns mortais existentes com uma autoconfiança e uma força mental tal que lhes permita, no seu interior refutar as verdades, dadas por verdades absoluta e adquiridas da nossa Sociedade. O risco de sermos considerados ridículos, “tolos”, a forma como nos auto convencemos que essas chamadas “verdades absolutas” são as únicas existentes, o medo que nós mortais temos em confrontar aquilo que foi aceite por todos… leva-nos, claramente, a aceitar e assumir um papel de espectador passivo numa Sociedade que pensa ter chegado ao fim da linha e onde reina o pensamento de que “tudo o que havia para ser inventado...já o foi”.
E é com esta definição do que é a nossa Sociedade, que chegamos à forma como “aparecem” os génios.
Ser génio não é mais que ser um “tolo” visionário, que belo dia se lembrou de acreditar em algo que parecia impossível aos olhos de todos os outros e que depois de ridicularizado e “gozado” acaba por provar que afinal criou algo de novo, algo com uma validade extraordinária, algo realmente palpável e “inteligente”.
A pergunta que eu ponho..no remoinho de pensamentos que me consomem uma grande energia cerebral é: Será Mourinho um génio?
Nunca escondi que sou um admirador de Mourinho, não só pela sua capacidade como treinador de Futebol, mas também pela sua extraordinária capacidade de liderança e de motivação de Homens e sobretudo admirador da sua personalidade confiante, convicta e sem medo de admitir que é realmente bom.
Mas se alguém é realmente bom e o prova todos os dias, porque não pode afirmar sem medo que realmente é bom? Sou apreciador da Humildade, mas quando somos bons não temos que ter problemas em o dizê-lo e admiti-lo…pois não é um sinal de vaidade e muito menos de presunção, é sermos reais connosco e com os outros que nos rodeiam.
Ora, é através da personalidade e auto confiança de José Mourinho, que eu entendo onde está o sustento que o levou à genialidade. Seria necessário um grande carácter para refutar “verdades absolutas” e ousar ,numa Sociedade Hipócrita e crítica, criar algo nosso e demonstra-lo ao Mundo.
Se transportarmos estes “podres” da nossa Sociedade para o Futebol, rapidamente percebemos que se criou um “Sentimento” que tudo no Futebol estava criado e que portanto nada haveria a alterar.
No entanto, Mourinho atreveu-se a discordar. Atreveu-se a refutar estas “verdades” e a criar as suas próprias com a convicção própria de um génio, que um dia mostraria ao Mundo que tinha razão.
Assim, ao fazermos uma leitura sobre o livro é nos dada uma visão tradicional daquilo que é o treino e como ele é encarado pelos técnicos quer nacionais quer internacionais.
Apesar das diferenças nos discursos destes, no fundo todos eles assentam os seus princípios nas mesmas premissas e nas mesmas realidades.
Nota-se claramente, uma falta de convicção e sobretudo de “visão” para refutar algo que estava aceite no meio, caindo no risco de parecer ridículo ou não ser compreendido.
Mourinho arriscou. Pegou nas “realidades tradicionais” do treino, rasgou-as e criou as suas, de uma forma coerente e sobretudo inteligente.
Se compararmos a nossa sociedade à publicidade, rapidamente percebemos que, no fundo, comemos aquilo que nos levam a comer, usamos aquilo que nos induzem a usar, etc, etc etc.
No entanto, José não queria ser mais 1, manobrado por uma Sociedade e, no caso específico, por um Mundo Futebolístico viciado, e foi à procura das suas realidades, das suas certezas e das suas convicções.
Resultado? Uma nova forma de abordar o Jogo, e especificamente o Treino. Uma nova forma de abordar as especificidades do treino, sem perder qualidade ou consistência, muito pelo contrário.
Mourinho acaba de revolucionar o treino e o Futebol Internacional. O seu sucesso comprova que a sua coragem para “refutar”, esteve na base de um legado que deixará ao Mundo.
Não irá ganhar sempre, puderá não vir a ser o treinador mais titulado da História do Futebol, mas uma coisa é certa: transformou o Jogo!
Quantos treinadores no Mundo se podem “gabar” da mesma coisa?
Pois…é!!! Mourinho é de facto um Génio!
Sem comentários:
Enviar um comentário