domingo, março 19, 2006

FCP 3 - Paços de Ferreira 0


Provavelmente assistimos ontem à vitória mais fácil do FCP esta temporada, no estádio do Dragão. Não que o jogo começasse por ser fácil, pois a aflição do Paços de Ferreira obrigou a que o seu treinador escalonasse 5 defesas, para tentar travar os habituais 4 avançados da equipa de Adriaanse. Numa semana em que a contestação contra o futebol defensivo que certas equipas apresentam contra outras mais fortes veio ao de cima, o jogo de ontem tratou de dissipar dúvidas, se é que elas existissem, de que quem joga para o empate arrisca-se a perder, mas, para isso, é preciso saber como torneá-lo, e não haja dúvidas que o FCP ontem conseguiu-o com imensa mestria.
Com o cartão vermelho mostrado pelo árbitro da passada quarta-feira, Pepe foi o grande ausente, deixando como quase certo o seu lugar para Bruno Alves, tal e qual como da sua anterior ausência. O Treinador do FCP decidiu, face a esta ausência, ser fiel ao esquema que tem vindo a apresentar, optando, desta vez, por colocar Pedro Emanuel no eixo da defesa e Marek Cech na esquerda. A outra alteração nos jogos para a liga, foi a titularidade conseguida no jogo da taça de Anderson, relegando para o banco quer Ivanildo, quer Lisandro.
O FCP entrou muito bem no jogo, a pressionar muito, não dando espaço ao adversário e sufocando-o no seu reduto, através de rápidas recuperações de bolas e movimentação da sua linha mais avançada, onde Adriano, somente esforçado, foi o elemento menos constante. O Paços, por seu lado, tentou fechar os espaços marcando homem a homem os avançados do FCP e deixando Emerson para Lucho, o que fez com que o meio campo defensivo dos visitados ficasse a ser regado pela intempérie que se assolou na cidade e com que o ofensivo ficasse sobrepovoado, dificultando as aproximações à baliza dos “castores”. A solução era jogar pelas laterais, começar a construir jogo mais atrás e obrigar a defesa pacense a abrir espaços. O sufoco era muito grande e por duas vezes, em resultado de cantos, o FCP poderia ter aberto o marcador, primeiro por Anderson a passe de Raul Meireles e depois McCarthy com o pé esquerdo. Curiosamente o golo surge num lançamento em profundidade de Pedro Emanuel depois de uma desmarcação exemplar do sul-africano do FCP, que “mata” a bola no peito progredindo para a baliza, finta Peçanha e remata para a baliza deserta. Estava feito o um a zero à passagem da meia hora, e sentia-se que a partir dali o vencedor estava encontrado, permanecendo a incerteza sobre os números finais. Chegada a segunda parte e após José Mota ter prescindido de um defesa para aumentar o contingente no meio campo, um passe magistral do menino Anderson descobre Adriano na área, que nas costas do defesa desvia a bola para o dois a zero. Melhor maneira de entrar na segunda parte era impossível, e a alteração de José Mota caía por terra. Quando se pensava que o jogo estava sentenciado, uma resposta moralizada do Paços fez-se sentir de seguida mas, foi “sol de pouca dura”, voltando o FCP ao domínio total e completo do jogo. Tanto assim que Adriaanse tirou o melhor jogador do FCP até então, McCarthy, por este estar em risco com 4 amarelos, fazendo entrar para o seu lugar Lisandro. Deu descanso também a Quaresma, fazendo entrar Ivanildo, e por fim fez sair Adriano para a entrada de Hugo Almeida. Todos eles entraram muito bem no jogo, trazendo algum inconformismo, muita velocidade e muito querer, tanto o mais que qualquer um deles teve um ou mais golos nos pés, efectivando-o somente Lisandro a um quarto de hora para o final.
A vitória do FCP não sofre qualquer contestação, aliás, todos os intervenientes nele são dessa opinião. O Paços apresentou-se muito defensivo, muito necessitado de pontos e com a mentalidade de equipa que vem jogar ao Dragão, ou seja, melhor um ponto que nenhum. O FCP conseguiu, felizmente, quebrar com o jogo dos visitantes, construindo uma vitória justa, uma exibição muito conseguida e uma actuação de grande nível de todos os seus jogadores.
Pela positiva realço o “fair-play” de ambas as equipas, à excepção de Emerson, as declarações no final, a arbitragem, apesar de haver um penaltie claro cometido sobre Adriano e também de o árbitro ter mostrado o primeiro amarelo decorrida que estava uma hora de jogo, e todo o colectivo do FCP, muito empolgado, com grande entreajuda e incentivo interpessoal, tanto assim que tenho imensa dificuldade em eleger o melhor em campo. Apesar dessa dificuldade, destaco a exibição de Paulo Assunção, que não tendo marcado nenhum golo, não tendo feito nenhuma assistência ou algo espectacular, é um jogador com um posicionamento táctico e de uma eficácia perfeitos. Realço também pela positiva os mais de 30 mil adeptos que se deslocaram ao estádio, apesar da chuva e do vento.
Pela negativa, somente a atitude defensiva do Paços.

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