sexta-feira, novembro 24, 2006

Jogador Atacante da Semana: Milan Baroš


Nome: Milan Baroš
Data de Nascimento: 28/10/1981 (25 anos)
Clube: Aston Villa FC
Nº da Camisola: 10
Posição: Ponta-de-Lança
Altura: 1,84 metros
Peso: 76 kg
Naturalidade: Valassake Mezirici – República Checa

Palmarés:
1 Taça da Liga (2003)
1 Liga dos Campeões (2005)
1 Campeonato Europeu de sub-21 (2002)
Melhor Marcador do Euro 2004 (2004)
Maior Talento Checo (2000)

Finalização e movimentação felinas, são as características a que associamos Milan Baroš.
O melhor ponta-de-lança checo da actualidade, sem grande margem para dúvidas e um dos bons valores do futebol inglês para a sua posição tem talvez no jogo aéreo o seu maior “handicap”, porque, num avançado, saber cabecear é muito importante e pode trazer muitos golos, o que não sucede com este atleta que tem algumas dificuldades neste parâmetro. Apesar disso, Baroš notabiliza-se por várias outras qualidades que superam esta pequena falha do seu futebol: é extremamente veloz, não só nas movimentações com bola, mas até principalmente sem esta – o defesa que marca Milan Baroš nunca sabe onde ele está, pois por vezes aparece com enorme rapidez numa zona que segundos atrás estaria ocupada. É, também, um futebolista com enorme resistência nos dois sentidos: resiste ao choque e ao contacto físico e resiste ao desgaste de noventa minutos sem parar um minuto. A sua constante mobilidade, dentro e fora da área e a contínua busca de espaços para disparar são os predicados essenciais neste avançado, que alia a isso uma enorme veia finalizadora.
Assim, é sem estranhar, que nos apercebemos que este é um jogador muito rentável, marca muitos golos e é útil à equipa porque também recua e pode descair muito ligeiramente numa das alas, segurando, quando necessário, a bola. Importa ainda fazer referência à sua boa capacidade técnica, nomeadamente no domínio do esférico e no um para um, dado que possui uma vasta gama de fintas que utiliza na cara dos opositores.
Falei, logo no inicio, da sua “felinidade” também porque tem um instinto fantástico e uma frieza muito grande quando está sozinho com o guarda-redes, nomeadamente na marcação de penalties, onde se distingue dos demais e apresenta uma boa percentagem de concretização.

Em suma, Milan Baroš é um jogador esforçado, que batalha muito durante o decorrer das partidas e está em constante movimentação para procurar espaços: é rápido e incisivo e raramente tem um falhanço escandaloso, tem uma eficácia muito apreciável.
Destaque ainda para a sua lista de recursos técnicos infindáveis. Estas qualidades suprimem a sua falha, o cabeceamento, impedindo que se torne um jogador banal: Milan Baroš é um dos melhores pontas-de-lança checos das últimas décadas e um dos bons avançados da Premiership.
Assim como na semana passada, há algumas dúvidas quanto ao local de nascimento de Baroš. A questão é que a maioria das fontes indica Vingantice, uma cidade checa, mas Valassake Mezirici, aquela que eu coloquei como naturalidade do jogador, fica somente a 18 km. No entanto, pelas reduzidas dimensões daquela que julgo ser uma pequena localidade, Valassake Mezirici, é atribuído a Milan Baroš a naturalidade da “sede de concelho”. Dúvida desfeita!
Começou por jogar nas camadas jovens do FC Vigantice com seis anos e com dez anos mudou-se para RK Roznov, onde esteve por dois anos.
Em 1993, com uns míseros 12 anos, o jovem avançado foi contratado por um dos melhores clubes checos, o FC Baník Ostrava, onde se revelou à Europa anos mais tarde.
Em 1999/00, foi a sua estreia nos seniores do Baník e seis jogos foram insuficientes para revelar a sua veia goleadora. Na época seguinte afirmou-se plenamente como titular fazendo 29 jogos e marcando 6 golos. Continuou a revelar-se no campeonato e o interesse vindo da Europa intensificou-se na terceira época, quando o Jogador Atacante da Semana voltou a marcar 6 golos, em 2000/01, realizando 29 jogos.
Foi nesta época que fez o seu primeiro jogo como internacional AA, alcançando logo um golo na estreia, diante dos hoje adversários de Portugal na fase qualificação para o Euro 2008, a Bélgica. Apesar de já se ter vindo a notabilizar ao serviço dos sub-21, o checo só conseguiu ser convocado à selecção principal no ano de 2001, quando ainda só somava 20 anos.
A partir daí, o seu nome raramente saiu das listas dos convocados. Ainda houve tempo, em 2001/02, para jogar meia época no campeonato do seu país de origem e aí derreteu todas as dúvidas, apontando 11 golos em 15 jogos, uma impressionante média de golos por jogo, cerca de 0,75, isto é, aproximadamente 2 golos em cada 3 jogos.

O então técnico do Liverpool, o francês Gerard Houllier, decidiu trazer o jovem prodígio para Terras de Sua Majestade, a meio da temporada 2001/02, em Janeiro. A chegada a Inglaterra não foi fácil para o menino checo, que encontrava nos “reds” concorrência como Owen, Fowler, Heskey ou Anelka, todos eles internacionais pelos seus países, países com tradição futebolística. Contudo, na segunda época, depois de só ter feito um jogo em 2001/02 para a Liga dos Campeões, Baroš tornou-se uma pedra importante em 2002/03, obtendo 9 golos em 27 jogos.
O “Maradona de Ostrava”, como se celebrizou, parecia despertar definitivamente no panorama europeu.
Na época seguinte, 2003/04, o avançado marcou um único golo para o campeonato, em 13 jogos. O reduzido número de partidas jogadas deveu-se a uma grave lesão no tornozelo que o impediu de actuar durante aproximadamente meio ano.
O “5” dos da terra dos “The Beatles” não foi tão preponderante como tinha sido, mas na selecção continuava como um homem basilar na frente de ataque, assim como o “gigante” Kőler. A prova disso é que, no Euro 2004 disputado em Portugal, foi o melhor marcador da competição. A República Checa teve uma fase de grupos imaculada, só com vitórias. Em Aveiro, logo no primeiro jogo, marcou o primeiro golo dos checos. Depois de um susto da Letónia, marcando no cair do pano da primeira parte por Verpakovskis, a equipa de “Milanesa” marcou dois golos: o primeiro pelo próprio Baroš aos 78 minutos e, já no fim, aos 85, Heinz dá os 3 pontos e garante uma boa classificação no grupo, 1º, após o empate a 1 entre Holanda e Alemanha. No mesmo Estádio, Municipal de Aveiro, a República Checa revelou-se perita em reviravoltas: Bouma e Van Nistelrooj marcaram aos 4 e 19 minutos respectivamente, dando um tranquilo 2-0 à Holanda, mas a resposta surgiu bem rápido, pelo parceiro de ataque de Baroš, Koller, a marcar aos 23'. Baroš marcaria aos 71' e a contagem seria fechada a favor dos “revoltados” por Smicer, aos 88. Contra a Alemanha, mais uma vez começaram a perder, com um golo de Ballack, mas Heinz aos 30 minutos e o “nosso” Baroš aos 77 marcaram os golos vitoriosos. Curioso o facto de ter marcado nos 3 jogos, sempre entre os 70 e os 80 minutos. A República Checa “cilindrou” a Dinamarca, ganhando por 3-0 nos quartos-de-final, com um golo do “gigante” do Dortmund e, quem mais(?), Baroš aos 63 e 65. Esta era a equipa que, a par de Portugal, mais vinha encantando e praticando melhor futebol, mas o sonho acabou por terminar nas meias-finais, diante da Grécia, que eliminou as duas melhores equipas da prova: checos e portugueses. Nesse jogo, jogado no “meu” Dragão e arbitrado pelo melhor do mundo, Collina, Dellas marcou no fim da primeira parte do prolongamento, o tento que deu o passaporte aos helénicos para seguirem até ao último jogo do torneio.

Para a história, uma mão cheia de golos de Milan Baroš, que o tornou o melhor marcador do Campeonato Europeu e o “elegeu” para a melhor equipa do torneio. De resto, somente Platini conseguiu mais golos num Europeu do que o ponta-de-lança da ex-Checoslováquia. O Euro 2004 veio trazer ainda mais visibilidade a um jogador que já era referenciado como um dos bons avançados europeus. Em 2004/05 voltou a destacar-se no Liverpool, não só no campeonato onde marcou 9 golos em 27 jogos ajudando ao 5º lugar, mas fundamentalmente na Liga dos Campeões, onde os “reds” se distinguiram, ganhando a competição.
Apesar de marcar apenas 2 golos, as 14 presenças revelam o peso de Baroš na equipa de Liverpool. Tudo começou, não na fase de grupos como todos os favoritos, mas sim na terceira ronda de qualificação. O Grazer AK, da Áustria, perdeu 2-0 no primeiro jogo, mas ainda assustou os britânicos quando, em casa, ganhou por 1-0. O Liverpool, porém, garantiu o apuramento para a fase final da prova. Mesmo tendo os mesmos pontos que o Olympiacos, o Liverpool foi aos oitavos-de-final, na 2ª posição do grupo A, imediatamente a seguir ao Mónaco. O Bayer Leverkusen perdeu com um duplo 3-1, e foi eliminada com um agregado de 6-2 (!). Nos quartos-de-final, 2-1 em Anfiel Road para o Liverpool na primeira-mão e um nulo na segunda-mão. Seguiu-se a mítica eliminação do Chelsea, com um 0-0 no primeiro jogo e 0-1 favorável ao Liverpool no segundo.
O ponto alto colectivo da carreira de Milan Baroš foi no dia 25 de Maio de 2005, quando jogou a final da Liga dos Campeões Europeus, num jogo frente ao AC Milan, um jogo de loucos. Baroš foi titular. Maldini abriu a contagem logo no primeiro minuto e Crespo, ainda na primeira parte, marcou dois golos que deram a ideia de uma final pouco renhida como a anterior, em que o Porto ganhou ao Mónaco por 3-0. Esta ideia, todavia, estava completamente errada e os ingleses deram uma prova de força de vontade e de crença raramente vista. Gerrard iniciou a cavalgada rumo à conquista da “Champions” aos 54 minutos, com um golão. Smicer, 2 minutos depois, seguiu-lhe as pisadas. O empate acabaria por acontecer aos 60' por Xabi Alonso. Assim, numa final, o Liverpool dava a volta ao jogo e marcava 3 golos em 6', deixando boquiabertos todos os adeptos dos italianos e do futebol em geral. A decisão foi-se adiando, até à marca de grandes penalidades em que Dudek mostrou todo o seu valor e levou o Liverpool à conquista da sua quinta Liga dos Campeões. Nota para a substituição de Baroš aos 85' do tempo regulamentar, que deu lugar ao francófono Cissé.

Em 2005/06 ainda jogou dois jogos pelo Liverpool mas foi prontamente transferido para o Aston Villa, ainda em Agosto do ano passado. A quem achava que o avançado estava a “andar de cavalo para burro”, este respondeu: "O Aston Villa é um bom clube e não considero que esteja a dar um passo atrás. A minha situação será melhor aqui". Apostado em manter a titularidade para disputar o Mundial de 2006 e em jogar mais regularmente para evoluir como jogador e eventualmente voltar a um colosso europeu, Baroš decidiu ir para uma formação em renovação, com o objectivo de, quem sabe, uma qualificação europeia. Jogou 25 jogos, com a obtenção de 8 golos, mas as expectativas foram completamente falhadas e o Villa ia acabando por descer: 16º foi o lugar na tabela. Isto resultou no despedimento de David O´Leary, treinador que admira muito Milan Baroš e que insistiu na sua contratação.
Foi convocado para o Campeonato do Mundo, a disputar-se na Alemanha, e a República Checa calhou num grupo curioso: Gana, Estados Unidos e Itália eram os adversários. Apesar do favoritismo atribuído aos europeus, os checos acabaram por não passar aos oitavos-de-final, para serem os menos prováveis, Gana, a conseguirem o feito. As coisas até começaram bem, com um 0-3 diante dos americanos: um golo de Koller logo a abrir, aos 5 minutos, e dois de Rosicky, aos 36 e 76. O sonho começava a desmoronar-se quando levaram aquilo a que se chama um “banho de bola” dos estreantes nestas andanças - Gana – que só não golearam devido à inexperiência e ineficácia inexplicável, porque foi mesmo um massacre em que Petr Cech, apesar da derrota, acabou por ser o homem do jogo, pois defendeu muitas bolas impossíveis. No entanto, Baroš não jogou nenhum destes dois jogos. O único jogo que jogou foi contra a Itália, e mesmo assim foi substituído por Jarolim aos 64 minutos. A derrota frente aos actuais campeões do mundo foi uma realidade: 0-2, com golos de Materazzi e Inzaghi. Os checos despediam-se assim da maior prova futebolística dos últimos 4 anos com apenas 3 pontos somados, um “goal average” negativo e um sabor amargo na boca.
Voltando a Inglaterra: em Villa Park, este ano, as coisas têm sido diferentes: o Jogador Atacante da Semana já jogou 8 jogos (mas nenhum nos 90 minutos), apesar de ainda não ter balançado as redes. Contudo, o Aston Villa vai numa surpreendente e privilegiada quinta posição, algo que pode catapultar o “Maradona de Ostrava” para palcos mais solenes e ambiciosos.

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