quarta-feira, novembro 15, 2006

Jogador Atacante da Semana: Niko Kranjcar


Nome: Niko Kranjcar
Data de Nascimento: 13-08-1984 (22 anos)
Clube: Portsmouth FC
Nº da Camisola: 19
Posição: Médio Ofensivo
Altura: 1,84 metros
Peso: 82 kg
Naturalidade: Viena – Áustria
Palmarés (como não tem nenhum título vou apresentar os maiores marcos do seu historial):

* 3º Lugar no Europeu de sub-16 (2001)
* 1 Presença num Mundial (2006)
* Capitão Mais Jovem de Sempre do Dínamo de Zagreb (2002)


Niko Kranjcar já não é uma promessa do futebol croata; é, isso sim, uma das maiores certezas do futebol balcânico. O jovem jogador do Portsmouth e da selecção croata é um médio que se caracteriza pela versatilidade e qualidade técnica. Tem também a vantagem de usar muito bem os dois pés, o que pressupõe uma boa técnica individual. É um médio ofensivo e pode jogar tanto no centro como nº10 e possivelmente como nº8 (apesar de isso suceder raramente), mas também é na ala esquerda, como interior ou extremo, que é capaz de mostrar todo o seu talento. O seu razoável porte físico (184 cm e 82 kg) faz do centro campista um futebolista complicado de parar, apesar de o maior motivo porque isso acontece ser precisamente a fenomenal técnica de Niko. É um atleta extremamente leal e profissional e não pensa só em si mesmo, o que se reflecte depois no seu jogo, onde imprime um elevado índice colectivo ao futebol que pratica. Prima pela enorme qualidade de passe e visão de jogo e pela criatividade, que faz deste um dos médios que mais promete agitar o mercado nos próximos anos. Não podemos descurar a sua boa capacidade nos livres directos onde atinge uma muito aceitável margem de sucesso bem como os remates de longa distância e o seu poder de finta. Peca, talvez, por uma ligeira falta de rigor táctico, provavelmente devido à falta de experiência, mas ainda assim é superior à maioria dos jogadores neste parâmetro.

No fundo, este “miúdo” é um jogador com toque de bola, que consegue fazer passes fenomenais sejam estes tabelinhas, passes curtos ou longos, consegue impor-se no um para um, ainda que prefira o jogo de equipa e adquiriu uma técnica formidável, o que lhe confere uma certa latinidade. É ainda um génio criativo com recursos técnicos largamente acima da média. Podemos considerar Kranjcar como um jogador flexível do ponto de vista posicional no terreno e completo, com todos os predicados para se tornar um futebolista de ainda mais renome no plano internacional.
Antes de tudo, gostaria de esclarecer que coloquei na naturalidade Viena, na Áustria, apesar da sua nacionalidade ser croata. Há, porém, algumas fontes que indicam que este jogador nasceu em Zagreb, capital do país que representa. No entanto, as fontes mais “fidedignas” indicam que o pequeno Niko foi mesmo dado à luz na cidade da valsa e o facto de o seu pai, o antigo médio e seleccionador croata, Zlatko “Cico” Kranjcar, ter jogado pelo Rapid local durante nove temporadas é um factor que me deixa quase certo da veracidade do seu local de nascimento ser Viena. Começou e fez toda a sua carreira na Croácia e foi somente este ano que “deu o salto” para um campeonato mais competitivo, no caso o inglês.

Foi jogar para o Dínamo de Zagreb muito cedo e foi também cedo que começou a percorrer os escalões jovens da selecção. Depois de carregar a equipa croata às costas no Europeu de sub-16 em 2001, onde alcançou um prestigiante 3º posto, ingressou nos quadros da equipa principal do Dínamo com 16 anos e aos 17 anos sucedeu a Babel como sendo o jogador mais jovem a capitanear a melhor equipa da capital da Croácia. É que logo na primeira época como profissional, e já depois das suas frequentes convocatórias para os sub-16 e sub-17, em 2001/02, Niko jogou 24 jogos tendo inclusivamente marcado 3 golos e, como já referi, ter sido capitão de equipa. Aos 18 anos, em 2002/03, Kranjcar continuou a assumir um papel importante dentro da formação croata e marcou 4 golos nos 21 jogos que disputou. Em 2003/04, ainda no mesmo clube, Niko pareceu explodir definitivamente marcando uma dezena de golos, um feito notável para um médio, ainda para mais em apenas 24 jogos, o que dá quase meio golo por jogo. Na época seguinte, após passar por todos os escalões de formação do país, ingressou na selecção AA assim como o seu pai, que assumiu as rédeas da equipa nacional e prontamente convocou o filho. Compadrio? A história viria a dizer que não, pois Niko tornar-se-ia muito rapidamente a estrela do seu país. Em 2004/05, devido a problemas com o seu treinador, acabou por abandonar Zagreb depois de meia época com 16 jogos e 2 golos. Chegou aos grandes rivais do seu antigo emblema, o Hajduk Split, onde começou imediatamente a impor-se, tornando-se, possivelmente, a maior vedeta do campeonato croata. Os 13 jogos e 2 golos na segunda metade da Liga foram mais do que suficientes para merecer a continuidade nas convocatórias para a selecção onde se ia entrosando cada vez mais. O facto de ser filho de quem é, do treinador na selecção, só o fez ter mais vontade de vingar e parece tê-lo conseguido pois em pouco tempo se tornou um dos melhores e mais influentes jogadores a vestirem a camisola axadrezada; Niko conseguiu superar muito bem as críticas negativas e prosseguir com a sua fantástica carreira nacional. Após os 26 jogos disputados no campeonato, o maior número de jogos numa época até então (e até agora) e 9 golos marcados, assim como as fantásticas exibições internacionais levaram-no, sem surpresa, ao Mundial da Alemanha em 2006.

O grupo, F, da Croácia não era nada fácil, pois, além daqueles que detinham o troféu, o Brasil, os principais favoritos, figuravam as fortes equipas da Áustralia, com um excelente treinador e uma motivação/entrosamento muito grande e o Japão, provavelmente a melhor equipa asiática, em franca expansão. A missão estava, portanto, à partida, dificultada. A abertura não correu bem para os únicos europeus do grupo, pois Kaká deu, aos 44 minutos, a vitória para a canarinha, marcando um golo sem resposta. O nº19 da Croácia, Kranjcar, jogou os noventa minutos. O nulo frente ao Japão dava um único ponto à Croácia em seis possíveis, o que era um mau registo. Neste jogo, o nosso Jogador Atacante da Semana jogou de inicio mas foi substituído aos 78 minutos. No último jogo, que deu um fraco 3º lugar com mais um ponto que o 4º (o Japão) e menos 2 que o 2º (a Austrália), a Croácia não foi além de um empate com os da Oceânia. Niko voltou a ser parte integrante do onze inicial mas aos 65 minutos abandonou a partida, rendido por Jerko Leko. Os dois únicos golos da selecção balcânica na prova foram marcados neste jogo por Srna e pelo seu homónimo Niko Kovac respectivamente. A Croácia abandonava assim a prova, defraudando as expectativas que apontavam para uma passagem aos oitavos-de-final. E antes do Mundial já se falava da inevitável transferência do prodígio, então depois da competição, o interesse das boas equipas de toda a Europa intensificou-se. Falou-se do CSKA de Moscovo e chegou mesmo a estar quase certa a ida para França, para a ex-equipa de Lazlo Boloni, o Rennes, por 4 milhões de euros, mas Niko Kranjcar acabou vendido ao Portsmouth, que este ano, fruto da acção de um magnata, investiu em grandes contratações.

Por 5,2 milhões de euros juntou-se a craques como David James, Sol Campbell, Stefanovic, Manuel Fernandes, Pedro Mendes, Sean Davis, Kanu, Lua Lua, Andy Cole, Douala, Dário Silva ou o seu compatriota, Mornar. Esta temporada, contudo, não tem sido muito utilizado e jogou apenas 3 dos já disputados 12 jogos que deram o 6º lugar ao Portsmouth esta época. Estou, no entanto, convicto de que mais tarde ou mais cedo irá começar a jogar ou irá para uma equipa onde possa explanar todo o seu potencial, que é muito. Aos 22 anos ser um dos melhores jogadores da ex-Jugoslávia, ter jogado nos dois melhores clubes do seu país (e ser o capitão mais jovem da história de um deles), ser a figura maior de uma das boas selecções europeias presentes no Mundial e disputar já o melhor campeonato do mundo numa equipa de que muito se espera não é definitivamente para todos, mas o jovem médio conseguiu-o com todo o mérito e o mundo do futebol continua a esperar por si. Abram alas para um dos maiores jogadores balcânicos da década!

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