Foi numa cidade, que dizem que tem mais encanto na hora de despedida, que a Selecção Nacional venceu, sem muitas dificuldades, a sua congénere Cazaque por três golos sem respostas.
Os adeptos aderiram em massa, encheram o Estádio Cidade de Coimbra, talvez porque havia uma grande expectativa para ver como é que a Selecção portuguesa reagia à sua primeira derrota em 8 anos para uma fase de qualificação. Scolari havia dito no dia anterior que era “urgente ganhar” e que não poderia haver margem de erro. Outra curiosidade seria ver se os estreantes na convocatória teriam uma oportunidade de vestirem a camisola das quinas.
Mal foram divulgados os onze, lá surgiram as surpresas, sendo que uma era esperada e outra, já, nem tanto. Se, por um lado, já se esperava a inclusão de Raúl Meireles, visto que era o único trinco no lote dos convocados, já a entrada de Tonel, por outro lado, acabou por ser uma surpresa, pois muitos pensavam que seria Jorge Andrade a regressar ao onze.
O jogo começou, como se esperava, com a equipa portuguesa a entrar ao ataque e um Cazaquistão a tentar a todo custo evitar o primeiro golo português. Contudo, a resistência dos cazaques apenas durou 8 minutos, graças a uma grande jogada de Simão, que de ângulo difícil, tentou a sua sorte e pôs a selecção das quinas a vencer. Estava feito o mais difícil...
A selecção cazaque, como era de esperar devido à sua fraca qualidade, era quase inofensiva e a linha defensiva portuguesa estava a dar conta do recado.
O resultado parecia escasso para as tropas de Luiz Felipe Scolari e era notório que os jogadores queriam mais.
Aos 12 minutos, Nuno Gomes, isolado por Raúl Meireles, começa o seu festival de golos perdidos. Os jogadores portugueses trocavam bem a bola e as alas, dominadas por Cristiano Ronaldo e por Simão, estavam a revelar-se decisivas. O jogo tinha um sentido único, a baliza guardada por Loria e o massacre português era cada vez mais intenso.
Como água-mole-em-pedra-dura-tanto-bate-até-que-fura, o 2-0 acabaria de chegar através do puto maravilha, o madeirense mais amado dos continentais, que lançou ao autêntico míssil à baliza cazaque, fuzilando o pobre Loria.
O jogo caminhou a passos largos para o intervalo, sem que antes Nuno Gomes falhasse mais uma oportunidade clara de golo, a terceira até então, embora houvesse muito mérito do guarda-redes cazaquistanês neste lance
Terminava o primeiro tempo, com um claro domínio português, que, no entanto, se podia ter reflectido em mais golos.
Começava a segunda parte e, apesar de algum abrandamento no ritmo de jogo, assistíamos a mais do mesmo, ou seja, sucessivos ataques à baliza da Selecção do Cazaquistão.
A meio do segundo tempo, Scolari faz descansar Deco e Cristiano Ronaldo, este último que até então estava a ser o melhor em campo, para fazer entrar o aparentemente “mal amado” Quaresma e Carlos Martins.
Embora tivesse ficado sem as suas duas principais estrelas, a Selecção Nacional não se ressentiu e os onze que ficaram dentro de campo deram conta do recado, nomeadamente Quaresma que entrou muito bem no jogo dando, inclusive, uma outra dinâmica às alas da equipa portuguesa.
Aos 66 minutos acontece algo inédito: um ataque da equipa do Cazaquistão, que porém mal incomodou o semi-gripado Ricardo, um espectador privilegiado do jogo.
A quinze minutos do término do jogo, dá-se o tão esperado regresso de Jorge Andrade, que, todavia, não deixou de ser caricato, dado que Postiga já se preparava para entrar, quando Tonel sai maltratado de um lance e Scolari, não querendo arriscar, fez entrar Jorge Andrade para o lugar do central do Sporting.
O jogo não mudava, Portugal continuava a atacar, desta vez através dos cruzamentos de Quaresma, Nuno Gomes continuava a falhar e o pobre guarda-redes Loria continuava a evitar que o marcador se dilatasse a favor da equipa lusa.
Aos 83 minutos o marcador acabou mesmo por ser dilatado! Depois de um jogada de insistência após um canto de Carlos Martins que, como Quaresma, também entrou bem no jogo, há um primeiro cabeceamento do estreante Raúl Meireles, só que acaba por ser Simão Sabrosa, em grande estilo, realce-se, a estabelecer o resultado final e a bisar na partida.
A partir daqui, não houve mais nada de relevante, as duas equipas pareciam estar satisfeitas com o resultado e pouco ou nada se fez até final.
Melhor em Campo
Simão não só por ter marcado os dois golos, mas essencialmente porque dos jogadores que jogaram os 90 minutos foi o mais dinâmico. Se um tal Cristiano Ronaldo tive jogado pelo menos uns 70 minutos, provavelmente, se continuasse o mesmo nível de exibição, a minha escolheria requeriria sobre ele.
Positivo do jogo
* as estreias positivas de Raul Meireles e Tonel
* o regresso de Jorge Andrade
* a grande moldura humana presente no Estádio Cidade de Coimbra
* a boa entrada de Ricardo Quaresma no jogo, demonstrando que é uma alternativa aos alas “residentes”
* a excelente prestação do guarda-redes do Cazaquistão, jogador do FC Astana, Loria de seu nome
Negativo do jogo
* o estado do relvado, devido à forte que caiu durante o dia
* a pouca luta dada pelo Cazaquistão
* os sucessivos golos falhados por Nuno Gomes
Arbitragem
A equipa de arbitragem foi chefiada pelo suíço René Rogalla e a verdade é que mal se deu por ela. E quando assim é, o futebol e os seus adeptos saem sempre beneficiados.
Conclusão
Como era de esperar a Selecção lusa venceu sem grande dificuldades a tímida Selecção do Cazaquistão. A equipa de todos nós agora tem 7 pontos e posiciona-se na quarta posição, atrás da Finlândia, Sérvia e Polónia, do grupo A, embora com menos um jogo do que a primeiro e terceiro classificado do grupo, respectivamente.
No próximo encontro, a selecção portuguesa recebe a sua congénere belga a 24 de Março (porra, o que ainda temos que esperar!)
Também podemos retirar deste jogo que a nossa selecção precisa de um Deco mais inspirado, que podemos contar com Tonel e com Raul Meireles, bem como a certeza que Quaresma é uma grande e viável alternativa a Simão e Cristiano Ronaldo.
Por último, é preciso sublinhar os sucessivos golos falhados de Nuno Gomes, imperdoáveis para um jogador na sua posição, e deixar uma pergunta no ar: não estaria na altura de apostar num inspirado e renovado Hélder Postiga?
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