Um sucesso!
Podemos afirmar que a organização portuguesa do Euro 2006 foi um sucesso.
Assistências médias batidas, ambientes fantásticos, emoção e muito colorido nos Estádios.
O público português compareceu em massa, os preços dos bilhetes foram a acessíveis ás carteiras de todos e os momentos de espera antes dos jogos puderam ser ocupados com vários jogos aliciantes, onde até bilhetes se podiam ganhar.
Depois do Euro 2004 e de toda um ambiente e euforia pouco visto ,até em termos Internacionais, Portugal mostra mais uma vez ser um país do Futebol.
Com o findar de mais uma competição de relevo em Portugal torna-se ,então, pertinente fazer um balanço desportivo do mesmo.
E nada mais justo que começar pelo Campeão.
Holanda
A laranja mecânica fez um campeonato sempre em crescendo.
Começou tímida, algo receosa e lenta mas acabou por se soltar á medida que o torneio foi avançando.
Após o jogo visionar “in loco” o jogo com a Dinamarca fui invadido por sérias dúvidas em relação ao valor desta selecção, apesar de nela constarem nomes bem conhecos do Futebol Holandês.
A verdade é que o jogo citado marca uma viragem no Futebol Holandês, e depois de eliminarem no grupo um sério candidato, deixaram para trás a temível e favorita França, vencendo na final com números esclarecedores.
São campeões, e no fundo até podemos afirmar que são uns justos campeões.
Em termos individuais convém salientar alguns nomes:
Huntelaar é a figura de proa, melhor marcador do campeonato Holandês e melhor marcador do Euro Sub21 2006. Excelente nas movimentações, felino no remate deixou como imagem de marca a “chapelada” frente á França.
Hofs, um jogador de estatura baixa, extremamente rápido, com dotes técnicos assinaláveis e uma inteligência notável. O ultimo golo seu frente á Ucrânia na final fica como cartão de visita.
Depois também a salientar De Zeeuw, Castelen (jogador já com andança pela selecção principal), Emanuelson e ainda o lateral direito Tiendalli.
Bastantes nomes, o que significa qualidade e futuro.
Ucrânia
A Ucrânia foi sem dúvida a grande surpresa da prova.
Baseada numa coesão defensiva assinalável, disferiu contra-ataques mortíferos.
O seu futebol não foi deslumbrante, mas a capacidade física e a coesão da equipa levaram-nos até a uma inesperada final.
A derrota na final surge por números exagerados.
Em termos individuais destacam-se:
o avançado Milevsky, fantástico jogador, muito forte fisicamente mas que alia força á técnica. Este jogador está a caminho do Mundial.
Também Fomin o companheiro de ataque, demonstrou “veneno” nos contra-ataques e conseguiu resolver alguns jogos.
Por fim saliento o guardião Pyatov. Típico guardião “russo”, capaz de manter a calma nos momentos de maior pressão e muito forte no posicionamento entre postes.
França
A França começou o Euro, batendo justamente o favorito Portugal.
Desde logo convenceram os adeptos, e assentes num futebol maduro e colectivo, não dependente de grandes individualidades, ganharam á custa do esforço e qualidade o estatuto de favoritos da prova, já no decorrer da mesma.
No entanto, o que parecia ser um favorito pré-anunciado, acabou por ser eliminado por uma supreendente Holanda.
Penso que a quebra física foi a razão que levou ao “flop” Francês na meia-final.
Em termos individuais destacam-se:
Mavuba, médio do Bórdeus é já um nome sonante no Futebol francês (5 internacionalizações). Alia força, a uma visão de jogo e a uma inteligêcia táctica consideráveis.
Por outro lado, Toulalan é o chamado médio posicional. Aparece sempre no sítio certo, recupera imensas bolas e sai a jogar com simplicidade e eficácia. Está a caminho do Lyon.
Saliento ainda o guardião Mandanda. Excelentes exibições, fantásticos reflexos e uma segurança pouco comum para um guardião tão jovem. Actua no Le Havre
Sérvia
Os Sérvios são a outra surpresa da competição.
Relegaram nos grupos Portugal e Alemanha para os derradeiros lugares, apresentando uma cultura táctica madura e eficaz.
Também assentes numa excelente coesão defensiva, demonstraram qualidade nas transições rápidas para o contra-ataque.
A “roleta” das grandes penalidades, impediram-nos de chegar á final, mesmo não contando com alguns jogadores de grande nível como Vucinic (lesionado) ou Slobodan Rajkovic (a caminho do Chelsea em 2007).
Em termos individuais salientam-se:
Stojkovic, fantástico guarda-redes. Ágil, eficaz e muito sóbrio, mais uma prova da boa escola de guarda redes dos países da ex Jugoslávia.
Milen Stepanov, um central dominadora, implacável no jogo aéreo e com um sentido posicional assombroso. Encantou-me a forma madura como disputou cada lance e como sozinho conseguia parar os contra-ataques adversários. Grande craque, este atleta do Trabzonspor.
Por fim saliento a irreverência ofensiva de Krasic, jogador muito móvel e sempre á procura das diagonais para aparecer em frente á baliza.
Portugal
Portugal foi uma das grandes desilusões da prova.
Uma selecção que pareceu bastante fatigada, e sobretudo sem um modelo de jogo bem solidificado. Esta falta de “Sentido táctico e colectivo”, poderá dever-se a uma falta de política de base nas selecções nacionais mais jovens, fruto da ausência da aplicação de um modelo de jogo único nas selecções jovens, como forma de criar bons colectivos e sobretudo rotinas colectivas nos jogadores.
Portugal, apontado como favorito á vitória, não conseguiu passar o grupo e só almejou marcar um golo já aos 93 minutos do ultimo jogo.
Em termos individuais:
Bruno Vale guardião do FC Porto esteve sempre impecável, e Raul Meireles do FC Porto mostrou ser um jogador de grande alma, garra e bastante polivalente. Saiu do Euro de cabeça erguida.
Não poderia deixar de falar no público Português.
Mesmo após a fasquia ter sido colocada bem alta, e a desilusão ter sido grande, o povo Português apoiou a selecção no momento difícil do Adeus.
Foi uma grande prova de amor á selecção e á bandeira, e uma prova que os portugueses acreditam no valor dos jovens talentos da selecção das quinas.
Arrepiante o apoio no final do jogo frente á Alemanha e fantástico o sentimento nacional expresso na Final do Euro.
Itália
A Itália chegava com o rotulo de favorita e de defensora do ceptro Europeu.
Mas desde o primeiro jogo que desiludiu e demonstrou grandes fragilidades defensivas, algo pouco normal no futebol Azzurri.
Ficou uma imagem de um futebol pobre, com algum desprezo pelo valor dos adversários e com grandes descompensações a nível de meio campo, com claras culpas do técnico ao parte a equipa num 4-2-4 (bem patente em várias situações de jogo).
Em termos individuais:
É difícil destacar alguma individualidade da Itália, visto terem mostrado tão pouco, mas o lateral direito Potenza fez um Euro marcado pela razoabilidade e Rosina a espaços conseguiu desiquilibrar (fazendo lembrar em termos de estilo..Miccolli).
Dinamarca
A Dinamarca mostrou nível na 1ª parte do primeiro jogo frente á Itália.
Meio campo sólido e inteligente, com um ponta de lança a abrir espaços para a penetração dos extremos e do médio criativo.
No entanto, com o decorrer da competição ficaram bem patentes algumas fragilidades que lhes foram fatais e lhes custaram o apuramento para as meias finais.
Em termos individuais:
Wurz médio de transição, capitão da equipa e jogador do Aalborg encantou pela maturidade que demonstrou em campo. Um verdadeiro líder.
Kahlenberg, chegou a Portugal rotulado de estrela, e a verdade é que apontou 3 golos. Não é um criativo puro ou um prodígio técnico, mas é muito inteligente no jogo colectivo e tem um faro assinalável pelo golo. Actua no Auxerre.
Por fim, saliento Bendtner, um avançado “poste”, que apesar da altura demonstrou boa qualidade com os pés e muita inteligência em termos tácticos. Actual no Arsenal.
Alemanha
A Alemanha foi uma grande desilusão.
Ausência de grandes valores individuais, acabou por pagar o preço do seu anti-jogo com a eliminação da prova já em descontos.
Em termos individuais é difícil destacar algum elemento:
Rensing, demonstrou qualidades e o porqué de ser o futuro numero 1 na baliza do Bayern.
Excelente guardião, mais 1 da mítica escola Alemã.
Conclusão
Tivemos um Euro cheio de emoções e surpresas, sem vencedores á priori e com jogos disputados até ao ultimo segundo.
Muito talento passou pelos relvados portugueses, e a moldura humana abrilhantou ainda mais o espectáculo.
É certo que deu para notar a falta de algum trabalho de base em termos tácticos em algumas das selecções presentes nesta competição, e quando chegadas a uma prova onde as 8 melhores da Europa estavam presentes, as individualidades não foram capazes de desiquilibrar.
E como grande mensagem deste Euro, podemos retirar mesmo isso. As individualidades por si só dificilmente resolvem um jogo ou até empurram a equipa para a vitória num torneio, este tipo de escalão, e aquelas selecções que demonstraram mais coesão e solidez táctica acabaram por surpreender.
De qualquer forma, fica uma nota para os amantes do Futebol mais técnico, a Holanda venceu o Campeonato. Terá sido valor individual ou muita versatilidade táctica? Deixo á vossa consideração…….
Segue-se o Mundial e em Agosto o Euro Sub19, o Futebol não pára!!
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