Ainda em relação à cultura de um povo, não posso deixar passar em claro a entrevista do famigerado escritor angolano, Eduardo Agualusa, ao Jornal A Bola, no corrente dia.
Neste ponto retenho-me e penso: Não devia dizer que leio um jornal desportivo, vou passar por imbecil iletrado. E não passo apenas por analfabeto porque digo que leio, mas se calhar só vejo as figuras e digo que leio, porque na verdade nem ler sei. Aliás este post nao foi escrito por mim, eu ditei-o a um amigo meu que fez o favor de o escrever, à medida que eu falava.
Então não é que os escritores de renome também lêem jornais desportivos? E mais, concedem entrevistas aos mesmo, é o cumulo. E haveria aqui tema de conversa por horas a fio, mas passemos ao essencial da entrevista.
Para quem não sabe, Eduardo Agualusa viveu dois anos e meio no Brasil, e ainda hoje lá se desloca frequentemente.
Segundo ele a admiração que os portugueses e angolanos têem pela selecção brasileira não é correspondida, sendo que muitos nem sabem que irá haver um Portugal – Angola. E vai mais longe quando afirma que muitos não sabem o que é Portugal ou Angola.
Passo a transcrever pequenos excertos da entrevista.
"Uma vez apanhei um táxi no Recife e comecei a falar com o táxista, muito simpático. Ele perguntou de onde eu era e eu disse Angola.
Em que estado fica?, pensando que fosse uma cidade brasileira.
Não, é um país, na África Ocidental, respondi.
Então parabéns, você fala muito bem português, disse ele.
E eu expliquei-lhe que em Angola se fala português.
Ah, pensei que só no Brasil se falasse português.
E eu disse, bem, pelo menos em Portugal também...
Não, os portugueses falam uma língua meio atravessada, não é bem português."
E depois, continuando a dissertação, Eduardo conta ainda a história que Francisco José Viegas diz que lhe sucedeu, no norte do Brasil, numa loja onde uma vez disse que vinha de Portugal, e o senhor respondeu: "Não brinca não, Portugal não existe." Pensava, esse senhor, que o nosso país era coisa mitica.
No interior do Brasil não têm sequer noção de que existem outros países. É um país muito fechado em si proprio.
Em suma uma entrevista, que apenas em pequenos pontos, dá muito que pensar.
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