quinta-feira, junho 08, 2006

Entrevista do treinador do Académico ao DRV

Balanço da época

Para mim foi positiva (…) O objectivo era tentar, em dois anos, subir a equipa à Terceira Divisão Nacional.Eu entendo que no primeiro ano, com as condições de trabalho que nos deram, fizemos uma excelente campanha. Basta dizer que não conseguíamos planear uma semana de treino, porque tínhamos de andar com a trouxa de um lado para o outro. Treinávamos em Farminhão, porque o relvado do Fontelo só podíamos usar uma vez por semana. Isso foi mau, porque logo no início do campeonato tínhamos cinco jogos para fazer no relvado, o que foi prejudicial à equipa. Treinávamos só à quinta-feira no relvado, mas, ainda assim, fomos a Mangualde, fizemos um bom jogo e não ganhámos por mera infelicidade nossa. Perdemos com o Santacombadense, logo na jornada de abertura, mas a partir daí começamos a aparecer e estivemos sete jogos sem perder. A primeira derrota ao fim de sete jogos foi em casa com o Lamego e foi quando as coisas começaram a correr mal. Houve pessoas que estavam ligadas à direcção, de Viseu, que se calhar pensavam que era chegar, ganhar e vencer. Subir era o vocabulário que as pessoas diziam.

Mas a aposta não era na subida à 3ª Divisão Nacional?

Quando planeámos a equipa, principalmente a que eu trazia do Farminhão, era para fazer um campeonato tranquilo(…). Depois, com mais algumas "pedras" que se foram buscar, com outra dimensão futebolística, começámos a fazer um trabalho positivo, mas ao fim de sete jogos perdemos o primeiro e eu fui logo julgado. Aí, as pessoas de Farminhão entraram em minha defesa, porque se calhar por parte de algumas pessoas de Viseu, o Jorge Nunes já não era treinador do Académico. (…)Todavia, nessa altura, coloquei o meu lugar à disposição da direcção, porque não ia para Vouzela com a corda na garganta. (…)
Quando comuniquei essa situação aos jogadores, eles ficaram um bocado aborrecidos com isso, porque estavam comigo. Tal como eu, entraram naquele projecto e dedicaram-se. Foi então que veio a tal promessa que eu continuaria até ao final da época e se subisse de divisão continuaria no Académico. (…) O Santacombadense, que preparou tudo muito mais atempadamente e se calhar a trabalhar com outra dimensão, no relvado, aquilo que não aconteceu connosco, e foi, naturalmente, a equipa que sobressaiu em relação às outras. (…) Fomos ganhar a Vouzela logo a seguir continuou a situação, que os próprios jogadores sentiam, tal como eu, que a direcção não nos dava o apoio devido. Podiam ir mais vezes ao balneário, conversar mais com os jogadores, incentivá-los, porque os atletas estavam no Académico não pelo dinheiro, porque o que eles recebiam era praticamente um subsidio de transporte, na ordem dos 150 a 200 euros. É de frisar esta situação. Quando jogávamos no Fontelo, a equipa entrava cheia de pressão. Além de não treinar lá as vezes que devia, era maltratada por alguns associados com palavras menos próprias. Os jogadores, às vezes, chegavam ao intervalo e não queriam voltar para a segunda parte. Um dos jogadores que foi mal tratado foi o Jusko.(…) Eu quis abandonar o Académico e nessa altura saía de cabeça erguida, pois estávamos em segundo lugar, o que era bom para o trabalho que tinha feito. Porém, o presidente disse-me para ficar até ao fim da época, porque se ficasse em segundo eu era o treinador do Académico para o ano. Mas até hoje (ontem) nada me foi comunicado, nada me foi dito e fiquei um bocado insatisfeito com essa situação. Entendo que eu, principalmente, deveria ser a primeira pessoa a saber daquilo que se passa, do que se sabe na rua…

O que é que se fala na rua?

O que se fala é que já há um novo projecto, que foi apresentado a duas jornadas do fim do campeonato, por uma pessoa da direcção, o que é mau, porque ainda tínhamos um objectivo a cumprir, dado que o segundo podia, e ainda pode, dar acesso à subida. (…) No meu currículo, como me pediram, consegui o segundo lugar, que poderá dar ainda, segundo os órgãos de comunicação social, acesso à subida. As promessas que me fizeram era de que se ficasse em segundo eu continuava. As pessoas que me fizeram essas promessas, para mim, não estão a ser homens. Gosto de trabalhar honestamente, gosto de ser Homem, com H grande e já ando no futebol há 14 anos como treinador. Fiquei um bocado chocado, dado que a direcção até hoje (ontem) ainda não comunicou nada comigo.Ao que sei, em relação a tudo o que se está a passar, soube por uma pessoa de fora que eu não estava no novo projecto. Da direcção ainda ninguém falou comigo. Essa pessoa disse que o presidente havia de falar comigo, mas até este momento não.

Está a fazer um discurso de despedida?

É um discurso de despedida e com mágoa, porque acho que fiz um bom trabalho no Académico. O trabalho feito esta época no Académico não foi valorizado. Algumas pessoas de Viseu estavam ligadas a outros treinadores, com mais nome e que estiveram ligadas ao Académico. Essas pessoas acompanharam o trabalho da minha equipa esta época.Os nomes que se falam são os do professor Idalino de Almeida e do professor José Miguel Borges. Pelo menos são os nomes que se falam. Se calhar estou a falar por alto, mas pode bater certo.

O MEU COMENTÁRIO:

Não conheço os outros planteis da 1ª Distrital nomeadamente o do Santacombadense. Do pouco que vi do Académico dava para ver que havia muita qualidade, para o nível de uma distrital, como é o caso do Baixote e do Jusko, pelos vistos não era o suficiente pois o Santacombadense passeou-se pelo campeonato. Não gostei do desempenho do Jorge Nunes no jogo com o Mangualde em casa. A equipa precisava de vencer mas as alterações que Jorge Nunes efectuou foram más, colocando os jogadores fora das suas posições e num jogo que tínhamos a obrigação de vencer acabamos por empatar e não aproveitamos o facto de o Santacombadense nessa jornada ter empatado em Mortágua. Foi nessa jornada que hipotecamos a subida e na minha modesta opinião com culpas para o nosso treinador. Jorge Nunes queixa-se de alguns sócios que maltratam os jogadores. Compreendo-o, embora da minha boca nunca saia um impropério contra um jogador da minha equipa ou do meu treinador, no entanto tem que perceber que não é mesma coisa treinar uma equipa com o nome Farminhão ou treinar uma equipa com o nome Académico de Viseu. O que mais me preocupa, embora não me surpreenda, nas palavras de Jorge Nunes é verificar que dentro do clube há a facção de Farminhão e a facção de Viseu, temos que remar todos para o mesmo lado. Espero que os dirigentes estejam a trabalhar tendo em vista a subida à 3ª Divisão na próxima época e que não estejam a contar com o ovo “no cú da galinha” que é a subida já este ano. Para terminar, se prometeram a Jorge Nunes que ele continuaria no clube percebo que se sinta magoado e triste, mas ele tem 14 anos de futebol, já devia estar habituado. Só “exijo” uma coisa aos dirigentes do meu clube que é seriedade, o resto, os resultados para mim é acessório. Apoiarei a minha equipa seja nas distritais ou na Liga dos Campeões.

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