Só uma dúvida havia à partida para este jogo. Saber quantas eram as "favas contadas" para a Argentina. Puro engano. O México vestiu o fato-macaco - visto que não tem um fato de gala - e deu muito trabalho à favorita "albi-celeste".
No duelo das "américas" o México aposta forte no jogo aéreo de Borgetti e Fonseca contra a maior fantasia argentina.
Começa o jogo e, para a surpresa geral, logo aos 6' o México inaugura o marcador por Rafa Marquez. Um livre batido na direita por Pardo é desviado por Castro e sobra para o capitão que, sozinho, bate Abbondazieri.
Mas a vantagem não durou muito. A Argentina parece ter acordado com o golo sofrido e quatro minutos depois, Crespo desvia um canto de Riquelme para o fundo das redes. Há dúvida se é autogolo de Borgetti, mas numa das repetições dá para ver a ponta da bota de Crespo a "ajudar" a bola a encaminhar-se para a baliza.
A Argentina recuperou rápido e pensou-se neste momento que vinha aí um grande jogo de futebol.
"Vinha" um grande jogo, pois não chegou a vir.
A Argentina puxou dos galões e tomou conta das operações, com destaque neste período para Cambiasso que fez duas ou três belas aberturas para Crespo que foi o máximo criado pelos argentinos. Do outro lado o único sinal de perigo veio já no fim da 1ª parte, numa distracção de Heinze que podia ter alterado o rumo dos acontecimentos. O árbitro foi complacente com o defesa argentino e os sul-amricanos conseguiram acabar a 1ª parte com onze elementos.
1ª Parte morna após os golos, com um jogo muito "mastigado" e sem velocidade.
O segundo tempo veio e esperava-se uma Argentina a "pegar" no jogo e a tentar marcar, mas o primeiro quarto de hora simplesmente não existiu com as equipas a continuar a jogar lento e sem interesse.
O público só acorda, aos 59', com uma abertura espectacular de Riquelme (que até então só se via a marcar bolas paradas) que isola Saviola. O atacante tenta o golo, mas O. Sanchez defende para canto.
Incrivelmente passa-se o restante tempo regulamentar sem oportunidades de golo tirando um lance, já nos descontos, em que Tevez introduz a bola na baliza, mas o lance é (parece-me mal) anulado por fora-de-jogo de Aimar, o autor da assistência!
Foi uma 2ª parte também amorfa, com poucas oportunidades de golo, onde o controlo do jogo por parte do México foi mais eficaz do que pareceu como mostra o maior tempo de posse de bola e mais remates à baliza de Abbondazieri em todo o encontro.
Seguia-se um prolongamento mas, perante o equilíbrio existente, os jornalistas argentinos já faziam contas a quem iria bater as cinco (ou talvez mais) grande penalidades.
Com Messi e Tevez em campo desde a parte final da segunda parte, o jogo animou, mas nenhum destes "resolveu". A honra pertenceu a Maxi Rodriguez, jogador argentino mais consistente desde o início da competição, que na esquina direita da área de penalidade, recebe um passe longo de Sorín, pára a bola com o peito e, com o pé esquerdo, fulmina a baliza de O. Sanchez para resolver o jogo. Um hino ao futebol que foi gritado, em plenos pulmões, por uma agradecida nação argentina.
Decorria o oitavo minuto da 1ª parte do prolongamento.
Quando se esperava uma reacção do México, parece que as forças faltaram aos comandados de Ricardo La Volpe pois, foi a Argentina a controlar o jogo a seu bel-prazer, mantendo a bola longe da sua baliza. Até ao fim do prolongamento assistiu-se ao domínio argentino, onde a melhor oportunidade de golo pertenceu à Argentina, aos 115', quando Aimar, Messi e Tevez decidiram "destrocar" a defesa mexicana e quase isolavam o último para matar o jogo. O fim chegou com um México sem arte a sair deste campeonato do mundo com a cabeça erguida. Lutou muito, mas baqueou perante uma equipa que mesmo sem jogar bem foi mais equipa e passou com inteira justiça.
O destaque vai inteirinho para Maxi Rodriguez. Tem sido o argentino mais regular deste campeonato do mundo e neste jogo foi mais uma vez decisivo ao apontar o 2-1 de maneira fenomenal. Para além disso, é um jogador que joga e faz jogar, corre o jogo todo e o campo inteiro e o jogo da Argentina, neste momento, depende muito da forma deste jogador, pois é uma peça importante no sistema táctico de Pekerman.
Aquele fora-de-jogo aos 90'+2 foi no mínimo duvidoso. O sr. Massimo Busacca não complicou, mas se a Argentina fosse eliminada no prolongamento, aquele fora-de-jogo a Aimar, seria uma cruz para ele...
O México também pode reclamar que Heinze poderia ser expulso no fim da 1ª parte. Critérios...
- Golão monumental de Maxi Rodriguez
- Quantidade de soluções que a equipa argentina apresenta, sempre com uma qualidade excepcional
- A exibição esforçada e meritória do México
- A Lentidão de processos ofensivos de ambas as equipas
- A quantidade de minutos que um jogador como Riquelme "desaparece" do jogo
Rodrigo Piña, adepto do México: Hoje os responsáveis dos principais jornais mexicanos foram contundentes "Jogamos como nunca e perdemos como sempre", dizem; a selecção efectuou uma das suas melhores partidas no dia de Sábado, com uma abnegação nunca vista e com uma entrega que poucas vezes vimos aos nossos jogadores.
De acordo com a imprensa internacional no sábado fomos testemunhas de um dos melhores jogos do Mundial, certamente o México não era favorito e isso ajudou a que a exibição mexicana não tivesse nada a perder, a formação inicial era completamente nova, incluindo Andrés Guardado de 19 anos, que jogou a sua primeira partirda neste mundial frente à poderosa Argentina; apenas se poderá concluir que Ricardo Antonio Lavolpe estudou muito o rival e colocou as melhores peças para o jogo contra a equipa das pampas.
Um dos principais problemas do México, futebolisticamente falando, é a grande inconsistência de jogo. O México sabe jogar bem contra boas equipas, é regular contra equipas medíocres, e isto se pode comprovar claramente se se compararem as actuações contra Angola, Irão e Portugal.
As posições dos avançados das equipas mexicanas são quase sempre ocupadas por estrangeiros e isso origina outro dos problemas futebolísticos no México, a falta de concretização e definição das jogadas. Os últimos 20 metros do campo são mais difíceis para jogar na selecção mexicana, as boas jogadas no meio campo raramente terminam em golo para a nossa selecção. A partida contra a Argentina é um bom exemplo desta situação, oportunidades de golo existiram imensas, a falta de técnica impediu que Borgetti, por exemplo, controlasse a bola e concretizasse em frente à baliza.
A diferença entre uma equipa como o México e a Argentina não radica já no jugo de equipa, mas sim na falta de jogadores como Maxi Rodriguez que são capazes de decidir de forma magistral e tirar a sua equipa de uma situação complicada.
O sentimento dos mexicanos depois do jogo fui maioritariamente de tristeza, mas desta vez atenuou-se um pouco pela grande exibição da nossa equipa, e pela garra que demonstraram os verdes; o México proporcionou um excelente jogo, e por momentos pensámos que tínhamos a oportunidade de fazer história, mas perante golos como aquele que sofremos no prolongamento, não há argumento que valha. A única certeza é que o nível de jogo do México não é tão baixo como pensámos, nem tão bom quanto queríamos.
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