Tendo em conta que o primeiro lugar está quase assegurado para o Brasil, a disputa pelo segundo lugar faz-se em jogos como este. Japão e Austrália tinham aqui uma boa hipótese para se destacarem e aspirarem ao segundo posto.
Acabou por ser a selecção australiana a mais feliz e estes três pontos são bastante importantes e saborosos, especialmente pela forma como foram conquistados.
Todos os noventa minutos foram semelhantes: um jogo equilibrado com um certo domínio da Austrália, mas genericamente muito equilibrado. Não foi tecnicamente muito bem jogado, é certo, mas foi muito emocionante assistir a este jogo que esperava de menor qualidade.
O desafio começou tal como acabou, rápido, vivo, cujos lances eram disputados com o máximo de determinação e vontade, um jogo aberto, com espaços e com remates a acontecerem muito frequentemente.
Logo no primeiro minuto houve um livre perigoso junto da área dos socceroos marcado pelo melhor jogador do Japão neste jogo, Nakamura. As oportunidades sucediam-se de um lado e de outro, Viduka e Bresciano para a Austrália, Fukunishi e Takahara para o Japão causaram perigo nas respectivas balizas adversárias. Quando a Austrália começava a crescer no jogo surge o golo nipónico. Nakamura tenta cruzar a bola para a área no lado direito do ataque e o guardião da equipa da Oceânia, quando vai agarras a bola, é obstruído por um avançado japonês, deixando a bola passar para o fundo das redes. Parece que o golo é em falta, mas o facto de o jogador que impede Mark Schwarzer de chegar à bola estava de costas, por isso permanecem algumas dúvidas.
A Austrália tentando atacar de uma forma mais apoiada, com passes mais curtos, com um jogo mais pensado procurando servir Viduka e o Japão a fazer uso da sua velocidade procurando jogar mais em contra-ataque, com imensa mobilidade de todos os atacantes, algo que me surpreendeu um pouco. Todos se desmarcavam e movimentavam muito bem trocando constantemente de posição abrindo algumas frechas na defesa organizada dos kangaroos.Logo a seguir ao pontapé de saída Kewell tem a melhor oportunidade da sua equipa para marcar ao longo de toda a primeira metade, rematando à barra. Alem dele, os dois Marks, Bresciano e Viduka, eram os elementos mais inconformados.
Aquele que estava a ser o melhor jogador da Austrália, Bresciano, saiu aos 52 minutos para dar lugar a Tim Cahill, uma decisão que espantou um pouco os espectadores. A aposta de Guus Hiddink viria a revelar-se acertada quando esse jogador bisou. Os australianos colocaram Joshua Kennedy e John Aloisi, passando a jogar com três pontas-de-lança e sabendo das debilidades a nível de jogo aéreo dos jogadores japoneses começaram a praticar um futebol mais directo, bombeando algumas bolas para a área, fazendo transições com menos passes com o objectivo de servir uma das torres lá na frente.
As oportunidades de golo continuavam para ambas as selecções com uma certa predominância da Austrália, que dispôs de dois livres perigosíssimos, o primeiro cobrado por Viduka e o segundo por Aloisi. Logo a seguir a este último há um lançamento longo e o guarda-redes do Japão, Yoshikatsu Kawaguchi, sai mal deixando a baliza descoberta e no meio da confusão Cahill, entrado na segunda parte, coloca o placard em 1-1, estavam decorridos 83 minutos. A Austrália já estava a desesperar e viu assim uma luz ao fundo do túnel. Motivados pelo golo e aproveitando a apatia dos nipónicos, que apenas remataram com perigo uma vez por intermédio de Fukunishi, Cahill voltou a marcar. Rematou à entrada da área, a bola bate no poste e entra na baliza, fazendo rejubilar todos os australianos. Já nos minutos de desconto, Aloisi, outro dos jogadores que entraram na segunda metade do desafio, passa em velocidade por um adversário e cara a cara com o Yoshikatsu Kawaguchi matou o jogo. Se a vitória do Japão era injusta, a da Austrália também acaba por ser, dado que o jogo foi muito equilibrado e os números não traduzem aquilo que realmente se passou em campo. Ainda assim, se alguém tivesse que ganhar esse alguém era a Austrália, sem dúvida.Se do lado do Japão, Nakamura me pareceu o melhor jogador, na Austrália houve alguns. Durante a primeira parte Mark Bresciano foi o melhor e Mark Viduka também jogou bem. Kennedy entrou muito bem, também, importunando imenso o trabalho da defesa dos samurais. Contudo, e até pelos dois golos que marcou, Cahill tem de ser apontado como o homem de jogo. O jogador do Everton foi decisivo para a vitória dos socceroos bisando já no fim do jogo (foi o quarto jogador neste Campeonato Mundial a consegui-lo) e fazer com que a Austrália finalmente vencesse o Japão, algo que não tinha acontecido nos últimos três jogos entre estas duas selecções.A arbitragem, fora o golo nipónico, foi muito boa. O golo de Nakamura acaba por manchar a qualidade da arbitragem e o facto de não ter influenciado o resultado final não pode minimizar a gravidade do erro. A falta não é bem clara, mas creio que há mesmo obstrução a Mark Schwarzer.
• O excelente ambiente vivido em Kaiserslauten;
• O grande equilíbrio entre as duas selecções, bem patente durante toda a partida;
• A arbitragem bastante razoável de Essam Abd El Fatah e dos seus assistentes;
• O facto de o jogo ter sido muito aberto e com muitas oportunidades de golo;
• A visão (ou sorte) de Guus Hiddink, que colocou em campo os autores dos golos australianos.
• O golo do Japão é não é limpo;
• O resultado acaba por não ser muito justo, até porque se a Austrália talvez merecesse mais os 3 pontos do que o Japão, a vitória teria que ser pela margem mínima.
A imagem da festa australiana.
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