Portugal, o país com as fronteiras mais antigas da Europa, um país em que o seu povo é conhecido pela determinação ao longo dos tempos, e que tem no futebol a sua imensa paixão. É este o nosso país. Também é o país do défice, da corrupção, de muita coisa má, mas durante os próximos 30 dias muitos de nós esquecerão as dificuldades, irão vibrar com a nossa selecção, com a esperança de ter uma grande alegria que compense momentos menos bons.
Portugal é um país com cerca de 10 milhões de pessoas, com alguns milhões também espalhados pelo mundo, nomeadamente na Alemanha. É num dos países com mais emigrantes portugueses que o sonho se tentará converter em realidade. Na fase de qualificação, a selecção portuguesa conseguiu o melhor percurso de sempre até hoje no apuramento para uma grande competição internacional. Com 35 golos marcados e 5 sofridos (3 dos quais frente ao Liechenstein), conseguimos não perder um único jogo na fase de apuramento, depois de termos sido vice-campeões europeus em 2004. Por força do não apuramento da Grécia para este Mundial, Portugal é inclusivé a selecção europeia que melhor figura fez na última grande competição internacional. Por força de tudo isto, as expectativas criadas não podem nunca ser baixas, e mais uma vez (tal como no Japão/Coreia), a grande maioria dos portugueses pensa num mundial de qualidade.
O adepto português
Nós adeptos portugueses somos acima de tudo obcecados por futebol. Alimentamos conversas de café durante semanas, discutimos com as mulheres ou com os maridos porque o nosso clube ou a selecção perdeu, ficamos sem falar uns tempos com um amigo nosso porque o consideramos tão "doente" como nós, vemos jogos de futebol a todas as horas na Sporttv, enfim, nós adoramos futebol. Poderá não ser muito diferente do que é um adepto inglês, espanhol ou italiano, mas há algo que nos diferencia. Desde logo o facto de conseguirmos ir de 8 a 80 no espaço de apenas 90 minutos. Se achamos que a nossa equipa é a melhor do mundo e passado 90 minutos eles perdem, passamos a achar que são banais. Se achamos a nossa equipa incapaz de um feito extraordinário, quando o alcançam pensamos que são os melhores do mundo. E nós portugueses aprendemos ao longo dos anos a ser patriotas... Se logo após 1974, devido a complexos revolucionários, tínhamos alguma dificuldade em cantar aos 7 ventos o nosso hino, tínhamos dificuldade em nos vestirmos com a bandeira, com o equipamento da selecção nacional, de ir para um estádio com um cachecol de Portugal em vez de um cachecol do nosso clube de coração, penso que a partir da década de 90 se mudaram mentalidades. Neste momento é arrepiante ouvir o hino nacional cantado por milhares de portugueses no início dos jogos. É arrepiante ver uma bancada coberta de verde e vermelho. É arrepiante verificar que muitas pessoas sofrem pela selecção como pelos seus clubes.
Além de tudo isto, na Alemanha, Portugal terá uma enorme falange de apoio nas ruas, dando visibilidade ao carácter emigratório de muito do nosso povo. Vão ser certamente milhares de emigrantes portugueses, entusiastas, e para quem este mês será o momento de glória, o momento em que nós portugueses, em Portugal, nos lembraremos que existem por esse mundo fora milhões de pessoas que falam a nossa língua, que têm os nossos costumes, que amam a mesma bandeira. E o símbolo que nos une a todos nestes sentimentos chama-se Selecção Nacional.
Nós adeptos portugueses queremos o topo do mundo, e só acreditando nos nossos representantes e com todos eles a sentir o nosso apoio será possível alcançá-lo...
O seleccionador
Luis Filipe Scolari é um treinador controverso. É amado por muitos, odiado por bastantes. Digo desde já que não sou particular adepto das qualidades técnico-tácticas do nosso seleccionador. Mas é para mim o seleccionador de Portugal. E sendo seleccionador do meu país, só espero que dia 9 de Julho venha aqui eu mesmo dizer: Scolari é o melhor treinador do mundo.
O seu currículo é impressionante. Pode ser fácil ser campeão do mundo pelo Brasil, mas nem todos o são. Um grande treinador como Telé Santana em 82, por exemplo, com uma das melhores equipas que eu alguma vez vi jogar, não foi campeão do mundo. Mas Scolari foi. Nunca Portugal disputou uma final de uma grande competição internacional, a não ser com Scolari no comando. Tal como em Mourinho, em que os resultados falam por si, quer se goste ou não do treinador, também Scolari tem um trajecto feito de sucessos, e isso nenhum crítico pode escamotear. Depois deste Mundial cá estaremos nós todos para analisar o que é afinal Scolari.
Luís Figo é a Estrela da equipa portuguesa. Escolhi Figo como estrela da nossa selecção porque efectivamente neste momento é Luís Figo o jogador que em todo o mundo é conhecido como o estandarte do nosso futebol. São as camisolas de Figo que se conseguem vislumbrar na Ásia, na América Sul ou em África. Penso que o Luís vai fazer desta competição o seu grande teste de final de carreira, e vai certamente lutar com tudo o que tem e não tem para nos dar as alegrias que merecemos. Penso que até a passagem por Itália o tornou mais competitivo, numa liga muito mais táctica e que com isso a própria selecção nacional vai ganhar. Chegado aos 33 anos, o jogador do Inter de Milão quererá certamente juntar mais um título ao seus vários títulos, coroando uma carreira brilhante, naturalmente só ultrapassada pelo mítico Eusébio. Que Figo seja o portador da nossa esperança e que nos dê as mesmas alegrias que o Pantera Negra nos deu há precisamente 40 anos.
O jogador fundamental
Tinha obrigatoriamente que citar mais um jogador da nossa selecção. Ele é o luso-brasileiro Deco. É o nº 10 da equipa. Textualmente o nº10 porque não temos nos 23 convocados mais ninguém que possa sequer remediar o seu lugar. Daí eu referir que é um jogador fundamental. Por ele passa todo o futebol da equipa, dele surgem jogadas perigosas, livres arrancados à entrada da área, pressão sobre o adversário, enfim, dos seus pés sai magia. O sucesso da nossa carreira dependerá muito de como estiver Figo, Cristiano Ronaldo, mas principalmente Deco. Porque enquanto os dois primeiros acabam por ter substitutos na equipa, não existe nos 23 da Selecção Nacional um substituto para Deco.
Para mim existem vários estágios de objectivos para esta selecção:
Decepção Total: Se Portugal não passar a primeira fase será um completo desastre. Ficaremos todos como depois do Mundial da Coreia e certamente não sobrará pedra sobre pedra tanto da Direcção federativa como na Direcção Técnica da selecção.
Objectivo Mínimo: Se formos eliminados nos oitavos de final, e dependendo da forma como formos eliminados, posso considerar que foram atingidos os objectivos mínimos. Se apanharmos uma grande selecção como a Argentina, perdermos apesar de fazermos um bom jogo, não podemos dizer que foi uma frustração, apesar de se ficar sempre com um amargo de boca. No entanto não nos podemos esquecer que apenas em 1966 Portugal conseguiu passar a fase de grupos...
Objectivo Meritório: Acima dos oitavos de final tudo o que se consiga é muito positivo, e se ficarmos pelos quartos de final será um lugar sempre honroso.
Objectivo Fantástico: Chegar às meias finais será fantástico!... Só a possibilidade de jogar a presença na final do Mundial, equivalente ao que se conseguiu em 66, seria por si só algo que nos encheria a todos de orgulho.
Objectivo Sonho: A presença na final, mesmo que sendo derrotados é um sonho que muitos de nós temos, embora conscientemente saibamos que seja quase uma impossibilidade.
Objectivo Topo do Mundo: Se isto acontecer ficaremos certamente sem palavras. Ser campeão do mundo seria algo que não poderíamos descrever facilmente. Ficaríamos sem palavras para comentar o que quer que fosse...
Na minha opinião Portugal conseguirá chegar até aos quartos de final.
Falta um dia para se iniciar o Campeonato do Mundo de 2006. Espero sinceramente que todos nós portugueses tenhamos a sorte de amanhã a precisamente 1 mês, podermos ainda ver um jogo de futebol torcendo firmemente por uma das equipas. Era sinal que o Objectivo Topo do Mundo ainda estaria de pé. FORÇA PORTUGAL! TRAGAM DE LÁ O CANECO!!!!!
Sem comentários:
Enviar um comentário