segunda-feira, junho 26, 2006

Oitavos de Final: Inglaterra Vs Equador




Ontem disputou-se um jogo muito importante para o futebol português. Não que fosse jogar a nossa selecção, mas porque, em caso de vitória frente à Holanda (que sucedeu), sairia daqui o adversário luso nos quartos-de-final. Se o Equador já tinha superado todas as expectativas ao qualificar-se para os oitavos de final conseguindo superiorizar-se à Polónia no seu primeiro jogo deste Mundial e ganhando facilmente à Costa Rica, a verdade é que a Inglaterra continua a ser uma das mais fortes candidatas ao título e tinha a obrigação de vencer os sul americanos.
Sven-Goran Eriksson mexeu na equipa em relação aos jogos da fase de grupos, efectuando mudanças tácticas e a nível de jogadores. Num 4-5-1, Inglaterra jogou Owen Hargreaves jogou a defesa direito, passando a estar a função de trinco a cargo de Michael Carrick, que fazia companhia a Lampard e Gerrard no miolo. A dupla de centrais mantinha-se e Ashley Cole continuava como lateral esquerdo. Beckham e Joe Cole apareciam a preencher as alas e a tentar fazer a bola chegar aos pés de Rooney, que hoje surgia sozinho na frente (Owen está lesionado). No lado do Equador não houve grandes surpresas, tendo Luis Suarez apostado num 4-1-4-1.


A primeira parte, assim como todo o jogo, não teve grande história. A melhor (e única) oportunidade da primeira parte foi alcançada por Carlos Tenório, jogador do Equador, que rematou à barra da baliza de Paul Robinson após um mau alívio de John Terry. O esférico ainda tocou no defesa Ashley Cole, que fez a bola subir até embater no travessão. As equipas estavam muito encaixadas, a Inglaterra não dominava nem convencia, como já tem vindo a ser hábito, mas também não permitia ao Equador chegar junto da sua baliza com grande perigo, fora o tal remate do avançado equatoriano. O Equador estava bem fechado na sua defesa, conseguindo reduzir ao máximo os espaços e demonstrando uma grande entrega e raça e uma boa forma física. O meio-campo ia sendo controlado alternadamente pelas duas equipas e o futebol praticado no Gottlieb-Daimler-Stadion não era da melhor qualidade.
O intervalo veio e esperava-se que finalmente os anglo-saxónicos fossem pegar no jogo, fossem assumir as despesas e procurassem, ao menos na segunda metade, marcar um golo com o intuito de adquirir o passaporte para a fase seguinte. Nada disso. O jogo veio igual, mal jogado, com o equilíbrio a reinar, o Equador na esperança de fazer um gracinha e conseguir um feito histórico e a Inglaterra, apenas esboçando uma tentativa de hegemonia, adivinhando um golo que acreditavam aparecer mais tarde ou mais cedo. E num jogo tão renhido e com tantas dificuldades para as duas equipas em assumi-lo e causar perigo, não era de estranhar que o golo aparecesse somente na sequência de uma bola parada. Cada vez mais no futebol moderno estas assumem imensa preponderância e foi mesmo através de um livre directo que o único golo da partida foi alcançado. David Beckham, aos 60 minutos de jogo, cobra um livre na meia esquerda e, em jeito, coloca a bola junto do poste direito de Mora. Estava feito o primeiro e último golo da partida e aos ingleses restava agradecerem à estrelinha da sorte pelo favor. Aos 65 minutos Valência assusta os britânicos obrigando o guardião Paul Robinson a uma boa defesa. O jogo continuava sem grandes oportunidades, Gerrard e Lampard, tal como nos outros jogos, fizeram alguns remates de longe mas desta feita nenhum dos dois box-to-box conseguiu o tento. Os Tenorios, Edwin e Carlos, cederam o lugar a Lara e Kaviedes, para procurar ainda um milagroso golo, mas nem eles nem os seus companheiros pareceram ter arte e engenho para conseguirem cumprir tão árdua tarefa. Aos 77 minutos, Carragher entra para o lugar de Joe Cole, hoje não tanto inspirado. Os ingleses pareciam querer defender a vantagem mínima. Ainda houve tempo para Downing e Lennon entrarem para queimar tempo, substituindo Beckham e Gerrard respectivamente.

A posse de bola no fim do jogo (Inglaterra 49% vs Equador 51%) ilustra bem o que se viveu em Estugarda, um jogo muito equilibrado, com ambas as equipas a encaixarem nos seus sistemas tácticos. E se os representantes da Grã-Bretanha não jogam deliberadamente ao ataque nem revelam grande apetência para jogar bonito e de modo ofensivo, a verdade é que a consistência defensiva dos pupilos de Erikson os faz poderem gabar-se de só terem sofrido dois golos neste Mundial. A Inglaterra continua sem deslumbrar, continua a parecer que tem muito mais valor do que o que apresenta, continua a não dominar inteiramente os jogos mesmo quando assim lhes compete mas continua… a ganhar. E resta-nos esperar que isso acabe e que nos quartos-de-final Portugal vença os britânicos e traga para terras lusas a alegria de alcançar as meias-finais de uma competição como o Mundial.



A FIFA atribuiu a John Terry o prémio de melhor jogador do encontro. Eu, contudo, não concordo com esta nomeação porque o central inglês levou um cartão amarelo, e errou aquando da maior oportunidade dos equatorianos ao longo de todo o jogo. David Beckham é para mim o eleito. Para quem, como eu, dizia que ele era mais modelo do que futebolista, este jogo (e os restantes encontros do Mundial) foi uma lição valente. Para além do bom golo que marcou, o médio do Real Madrid colaborou imenso em tarefas defensivas e foi dos que mais vontade teve de mostrar ao mundo que a Inglaterra joga bem e deve ser assumida como uma das maiores candidatas à conquista do Campeonato do Mundo.


Frank De Bleeckere e os seus assistentes estiveram, ao que parece, bem. Apesar de não ter visto o jogo, também não li nem ouvi nada em contrário e parece-me que o homem do apito se apresentou a bom nível para este terceiro jogo dos oitavos de final.


• A determinação e coragem que o Equador demonstrou, batendo-se praticamente de igual para igual frente a uma das mais temíveis e das mais temidas selecções do Velho Continente;
• Boa arbitragem;
• Público animado.


• Jogo enfadonho, sem grandes oportunidades, pouco emotivo e com um futebol fraquinho;
• Inglaterra, apesar das vitórias, continua sem convencer.

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