segunda-feira, junho 12, 2006

Grupo D: Angola Vs Portugal



Portugal entrou com o pé direito, cumprindo a sua obrigação de vencer Angola, embora por um magro 1-0.

Com um início absolutamente demolidor, todos ficámos com a impressão de que a vitória de ontem foi muito escassa e de que Portugal jogou mal. É verdade que a nossa selecção pode e deve fazer muito mais, no entanto não tenho a memória curta, e não me esqueço de que nas duas últimas grandes competições em que a nossa selecção esteve presente fomos perfeitamente ridicularizados por selecções como os E.U.A. ou a Grécia.

Devido à lesão de Deco, Scolari acabou por surpreender muita gente, colocando de início no meio campo Petit, Tiago, à sua frente Figo e nas alas Ronaldo e Simão.

Portugal começou bastante forte, como disse anteriormente, e logo aos 20 segundos numa bela desmarcação de Pauleta, a passe de Simão, a bola saiu a tirar tinta do poste da baliza angolana. Passado pouco tempo, aos quatro minutos de jogo, e por força do ritmo imposto pela Selecção Nacional, aparece o golo. Figo, a fazer lembrar o tempo em que tinha 20 anos, parte para cima do defesa angolano, passa por ele, e dá em bandeja de ouro o golo a marcar a Pauleta. Primeiro golo de Portugal no Mundial 2006. Esperemos que o primeiro de muitos!...

O jogo manteve-se completamente controlado por Portugal, com Angola aparentemente caída aos seus pés, e tenho a plena convicção de que se marcássemos um 2º golo, o jogo teria sido além de mais descansado, um jogo com muitos golos.

Até aos 15 minutos não me recordo de Angola passar do meio campo. A partir daí, Portugal começou a controlar o jogo, mas não a pressionar da forma como o tinha feito. Angola começa a aparecer aos poucos no nosso meio campo, mas sem qualquer perigo. Entretanto ainda na primeira parte Ronaldo em duas ocasiões quase dilata o marcador. Uma na sequência de um canto, enviando a bola à barra. Outra numa excelente jogada de envolvimento da selecção portuguesa em que acabou por rematar para boa defesa de João Ricardo. E quase no final da 1ª parte a melhor oportunidade de todo o jogo para a selecção angolana, um remate de fora da área que Ricardo defendeu muito bem para canto.

A sensação que ficámos no final da primeira parte é que o jogo estaria completamente controlado e até que conseguiríamos mais cedo ou mais tarde apontar o 2º golo na etapa complementar. De Angola ficava a agradável sensação de que não é uma equipa completamente vulgar, e de que a sua grande pecha é o sector defensivo.

Na 2ª parte Portugal começa meio adormecido, sem pegar no jogo. Os angolanos apesar de não chegarem com perigo à baliza de Ricardo conseguiam bloquear o meio campo português, onde se ia notando a falta de Deco e com isso manter a incerteza no marcador.

Por volta dos 60 minutos, Scolari retira Cristiano Ronaldo de campo (a não ser os dois lances de perigo que protagonizou na primeira parte foi uma nulidade) e coloca Costinha, por forma a tentar dar mais consistência ao meio campo português, colocando Tiago na posição “10” e fazendo derivar Figo para uma das alas. Penso que apesar de ter com esta substituição dado mais músculo à equipa, Scolari amputou a selecção de criatividade e Portugal raramente criou perigo até ao final da partida.

Mais tarde ainda entrou Maniche para o lugar de Petit e Hugo Viana para o lugar de Tiago, mas enquanto que a primeira substituição acabou por melhorar um pouco as coisas, a segunda foi quase só para dar mais uma internacionalização ao jogador do Valência. Quantas vezes tocou ele na bola?

Até final do jogo manteve-se sempre a incerteza no marcador, mas na minha opinião o jogo acabou por estar sempre controlado. Só num golpe de sorte Angola conseguiria empatar a partida. Não foi uma vitória brilhante mas foi uma primeira vitória, vale os mesmos 3 pontos de que uma vitória por 3 ou 4, e estamos lançados para os “serviços mínimos”, ou seja, os oitavos de final.

Quanto à equipa portuguesa e à parte o melhor em campo que indico já de seguida, gostei das prestações de Nuno Valente, Petit e Simão. Nuno Valente tinha o mais rápido jogador angolano para marcar e só por uma vez foi ultrapassado. Petit esteve sempre certo, a fazer o que de melhor sabe, ou seja recuperar bolas, e Simão esteve sempre bastante esforçado, irrequieto, e a tentar rematar sempre que tinha possibilidades para tal.


Luís Figo como é óbvio. Antes do Mundial sempre pensei que Figo estivesse preparado para fazer o grande Mundial da vida dele. E a verificar pela amostra neste primeiro jogo, temos homem!... No lance do golo, tal como já referi, parecia um jovem de 20 anos. Jogou, fez jogar, e até jogou melhor na posição que não a dele (Nº 10) do que depois quando descaiu para a ala. Mas o que é um facto é que Figo está aí para as curvas e o capitão carregou literalmente a equipa às costas durante quase todo o jogo.



Arbitragem sem complicar muito, só não concordei com o amarelo ao Cristiano Ronaldo, uma vez que me pareceu uma falta perfeitamente normal, uma entrada de pé em riste, mas não suficiente para amarelo.



- O começo de partida para Portugal. Fantástica a forma como entrámos no jogo, a tentar resolver a partida rapidamente.

- O ambiente da lusofonia. Foi fantástica a forma como portugueses e angolanos partilharam um momento de encontro de culturas sob a mesma língua.



- A 2ª parte de Portugal. É verdade que o mais importante é vencer e o objectivo foi conquistado. Mas na 2ª parte fizemos lembrar a Inglaterra na véspera, a controlar desesperadamente o jogo. Para mim a única diferença é que a equipa angolana nunca criou perigo de maior na nossa grande área ao contrário dos paraguaios.

- A defesa angolana. Parece uma defesa de papel, e quando ouvi o treinador deles dizer que só tiveram uma falha em todo o jogo, deu-me vontade de rir...

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