quarta-feira, novembro 08, 2006

Jogador Atacante da Semana: Paul Scholes


Nome: Paul Aaron Scholes
Data de Nascimento: 16/11/1974 (31 anos)
Clube: Manchester United
Nº da Camisola: 18
Posição: Médio Ofensivo
Altura: 1,70 metros
Peso: 74 kg
Naturalidade: Salford – Inglaterra
Palmarés:
  • 6 Campeonatos Ingleses (1996, 1997, 1999, 2000, 2001 e 2003)
  • 3 Taças de Inglaterra (1996, 1999 e 2004)
  • 1 Taça da Liga Inglesa (2003)
  • 1 Ligas dos Campeões (1999)
  • 1 Taça Intercontinental (1999)

Paul Scholes é, a par de Ryan Giggs e Gary Neville, um dos mais antigos símbolos do maior clube de Manchester. Como é compreensível, a pouco mais de uma semana dos seus 32 anos, já não está no auge das suas capacidades, mas continua a imperar no meio-campo de um gigante a renascer e os ingleses primam muito a experiência, não achando os jogadores “velhos” quando chegam à casa dos 30 como sucede aqui no nosso país. Paul Scholes é, por isso, imensamente respeitado pelos adeptos britânicos. Em primeiro lugar, este senhor do futebol é um verdadeiro tecnicista, indo um pouco contra o típico futebolista desta nacionalidade. Talvez por isso seja considerado um dos melhores médios ofensivos de sempre a vestir a camisola de Inglaterra. Apesar de ser um claro “nº10”, Scholes tem algumas características que o podem colocar como segundo avançado pois, além do portentoso remate de longa distância é possuidor de um bom sentido posicional e de finalização e, muito embora tenha uns míseros 170 centímetros é um jogador relativamente forte no jogo aéreo.

Esta é, aliás, umas das coisas que mais me impressiona no “The Ginger Prince”, a sua capacidade de cabecear e fazer golos de cabeça impondo-se a centrais muitas vezes altíssimos. Isto demonstra uma grande inteligência posicional e uma grande experiência. É um jogador pouco rápido e pouco explosivo, preferindo passar a bola a ficar correr com ela. Denota uma fantástica qualidade de passe e grande visão de jogo. Apesar da sua genialidade técnica e táctica, este atleta do United é um verdadeiro batalhador dentro das quatro linhas: é determinado e agressivo quanto baste para recuperar mais bolas do que normalmente recuperam os jogadores que jogam na sua posição. É, podemos também dizê-lo, um jogador versátil pois tanto pode aparecer nas costas do ponta de lança como ligeiramente à frente do trinco, podendo jogar a “nº8”, “nº10” ou, apesar de isso muito raramente suceder, nas costas do ponta de lança. Tem um toque de bola muito bom, é excelente no primeiro toque e acaba por ser muito pouco individualista patenteando um enorme sentido colectivo. Contudo, é suficientemente criativo para distribuir e organizar o jogo de uma formação forte como é e sempre foi a do Manchester. Importa também referir a sua razoável apetência para marcar livres directos e cantos mas principalmente penalties – raramente falha uma grande penalidade. “Shoelsy” é um exemplo para todos os adeptos como futebolista, tem todos os ingredientes para ser recordado daqui a muitos anos como uma lenda do Manchester United e da selecção inglesa.


Paul Scholes já jogou no Manchester, no Manchester e… no Manchester. É verdade, o “baixinho” actua desde sempre ao serviço dos “red devils”. Apesar de ser um fervoroso adepto do Oldham Athletic A. F. C, um clube de menor nomeada na cidade de Manchester, a verdade é que, pelo seu talento, aquele não era um emblema suficiente e acabou por ir para o United com 14 anos. Apesar de estar nos quadros nos AA desde 1992/93, a sua estreia pela equipa principal surgiu na época 1994/95, frente ao Ipswich Town, quando tinha 19 anos. E logo na primeira época conseguiu a proeza de registar 17 presenças e uns incríveis 5 golos no campeonato (onde ficou em 2º, a um ponto do Blackburn, então vencedor) e estreou-se ainda na Liga dos Campeões (o Manchester não foi além de um 3º lugar na 1ª Fase de grupos, atrás do Barcelona e do IFK Gotemburgo, que incrivelmente ganhou o grupo apesar da goleada por 4-0 dos britânicos contra os suecos [no segundo jogo o Gotemburgo ganhou 3-1]). A partir daí “engatou” e tornou-se um jogador muito útil ao meio-campo do clube inglês. Em 1995/96 alcançou a “dobradinha”, vencendo o campeonato por 4 pontos ao Newcastle e conseguindo também a conquista da Taça de Inglaterra. Dez golos em 26 jogos revelavam a veia goleadora do centro campista inglês que conseguiu também o seu primeiro tento europeu, num dos dois jogos que fez para a Taça UEFA. O sucesso não parava de crescer, individualmente e a nível de clube. Em 1997 voltou a ser campeão, novamente com o Newcastle, outro United, na segunda posição, contribuindo de forma não tão significativa, pois desta feita, e apesar dos 26 jogos no campeonato, marcou apenas 3 golos. Na Liga dos Campeões jogou 4 jogos e ajudou o Manchester United às meias-finais. Era um prenúncio do que viria acontecer duas temporadas depois. Destaque para o 4-0 alcançado em Old Trafford frente ao FCPorto, quando Hilário era o guardião portista. Este foi o jogo dos quartos-de-final. Nas Antas o nulo serviu aos ingleses que passaram confortavelmente, saindo derrotados das semifinais com um duplo 1-0 do Dortmund, que viria a sagrar-se campeão europeu. Foi nesta época que cumprou o seu primeiro jogo com as cores nacionais e se tornou presença assídua nas convocatórias para a selecção inglesa. Em 1997/98, um jejum de títulos, curiosamente quando Scholes começou a tornar-se verdadeiramente fundamental: passou a barreira dos 30 jogos, 31, com 8 golos. Na Champions voltou a ganhar a fase de grupos mas nos quartos-de-final perdeu com o Mónaco pela vantagem de golos fora. O 0-0 em Inglaterra e 1-1 no principado beneficiaram os franceses. Continuava a jogar pela selecção e acabou por ser convocado para o Mundial da França, em 1998.

Nesta primeira grande competição de Scholes a nível de selecções, a Inglaterra ficou em 2º lugar do grupo G com vitórias sobre a Tunísia e Colômbia, ambas por 2-0 e uma derrota contra a Roménia por 2-1. O Jogador Atacante da Semana de hoje foi titular em todos os jogos e chegou a marcar frente à Tunísia o golo da tranquilidade aos 89 minutos. Acabou por perder nos oitavos-de-final naquele mítico embate com a Argentina. Os das pampas acabariam por vencer nas grandes penalidades após 2-2 no tempo regulamentar e prolongamento. Neste jogo, Paul Merson acabou por substituir o homónimo Scholes aos 78 minutos de jogo. A época de 1998/99 foi, porventura, a melhor época da carreira de Scholes: obtenção da Premier League e Taça de Inglaterra a nível interno e Liga dos Campeões a nível externo. Voltou a registar 31 presenças no campeonato e marcou 6 golos nesta competição. Na Liga dos Campeões, curiosamente foi do grupo D que saíram os dois finalistas. Se nesta altura da prova o Bayern ficou em 1º e o Manchester em 2º, na final os papeis ir-se-iam inverter. Estas equipas deixaram para trás o Brondby da Dinamarca e o Barcelona de Espanha. De salientar os empates frente a Bayern e Barca nos 4 jogos em que o Manchester jogou com estas equipas e as goleadas impingidas aos nórdicos, primeiro 2-6 e depois 5-0. Vieram os quartos-de-final e o Inter era o adversário. 2-0 na primeira mão em Inglaterra permitiram à equipa de Scholes empatar em Itália a 1-1 e seguir para as meias-finais. Aqui o adversário veio do mesmo país, a Juventus. 1-1 na primeira mão e 3-2 favorável aos britânicos na segunda. Depois veio a fabulosa final de 99, que opôs os já anteriormente referidos Manchester United e Bayern de Munique. Mario Basler marcou logo aos 6 minutos e o Bayern passou todo o tempo a vencer, apesar do claro ascendente inglês na segunda metade. O United acabou por empatar aos 90 minutos pelo ponta-de-lança Teddy Sheringam, na sequência de um canto no qual Peter Schmeichel foi à área bávara para importunar e conseguiu. Novo canto para Bekcham, novo golo, Solskaer recém entrado a fazer o 2º e a provocar o impossível: vencer uma final europeia no tempo de compensação. Infelizmente, por castigo, Scholes não pode disputar esta famosa final. Em 1999/00 conseguiram conquistar mais uma vez o campeonato, com 9 golos em 31 jogos do “our man”, além, claro, da Taça Intercontinental ganha frente aos sul-americanos do Palmeiras, onde Ryan Giggs foi o melhor em campo. Na Liga dos Campeões ficaram em 1º nas fases de grupos (1ª e 2ª) mas nos quartos-de-final acabaram eliminados pelos que se tornariam campeões europeus, Real Madrid. Scholes participou ainda no Euro 2000, onde foi eliminado na fase de grupos onde estava também Portugal, que ganhou a Scholes logo no primeiro jogo. Scholes inaugurou o marcador aos 3 minutos e McManaman seguiu-lhe as pisadas, mas a reviravolta lusa estava para acontecer, liderada por Figo que marcou logo a seguir. João Pinto e Nuno Gomes fecharam a contagem. Shearer deu a vitória aos ingleses contra a Alemanha, 1-0, mas a Roménia acabaria por fazer companhia a Portugal na viagem até aos quartos-de-final batendo Inglaterra por 2-3 em que Ganea deu a vitória aos de Leste aos 89 minutos de penalty. Em 2000/2001 tornou-se tri-campeão inglês, desta vez com 32 jogos, 6 golos. Na Liga dos Campeões passaram em 2º a seguir ao Anderlecht na 1ª Fase de grupos e na 2ª a seguir ao Valência. Nos quarto-de-final houve uma pequenina vingança com o Bayern a eliminá-los. Em 2001/02, a época não correu nada bem internamente, 3º no campeonato. Foi, no entanto, a época em que mais jogos jogou, 35 (!), marcando por 8 ocasiões. Menos mal foi a vida na Europa com o Manchester a chegar às meias finais da Liga Milionária: ganhou ao Panathinaikos nos quartos-de-final e acabou por empatar com Leverkusen 2-2 em Inglaterra e 1-1 na Alemanha, dando o passaporte aos germânicos para a tão ansiada final.

Marcou presença, e falando agora da selecção, no Mundial 2002. Inglaterra iniciou a competição com um empate a 1 com a Suécia tendo ganho posteriormente à Argentina por 0-1. No último jogo empataram 0-0 com a Nigéria. Passaram aos oitavos-de-final onde “semi golearam” a Dinamarca por 0-3 mas os quartos-de-final foram a última meta da equipa europeia que foram batidos pelo Brasil por 1-2. Scholes foi titular em todos os jogos do Mundial. Veio 2002/03 e foi a temporada mais produtiva a nível de golos: 14 em 33 jogos no último campeonato ganho na sua carreira. Na Liga dos Campeões ganhou as fases de grupos e foi novamente eliminado pelo Real Madrid com 3-1 na primeira-mão a favor dos espanhóis e um insuficiente 3-4 para ingleses na segunda. Além disso conseguiu a primeira e única Taça da Liga Inglesa do seu palmarés nesta época. Em 2003/04 foi 3º classificado no campeonato nacional, tendo feito 28 jogos e 9 golos. Na Liga dos Campeões venceu a fase de grupos, mas um fantástico apuramento do FCPorto nos últimos instantes em Old Trafford deixaram de fora a equipa inglesa. No Dragão, 2-1 com 2 golaços de McCarthy e em Old Trafford o Manchester esteve a ganhar 1-0 com golo do “nosso” Scholes, mas no cair do pano Costinha de cabeça dava uma das mais emocionantes vitórias da história do Porto aos adeptos lusos. No Euro 2004, Inglaterra apurou-se para os quartos-de-final na segunda posição a seguir à França. No primeiro jogo, 2-1 frente aos francos, no segundo jogo uma vitória por 3-0 contra a Suiça e 2-4 contra a Croácia com Scholes a marcar o primeiro de quatro golos bretões. A história dos quartos-de-final já todos conhecem. Ricardo “sem luvas” eliminou a Inglaterra nos penalties. Scholes, como não podia deixar de ser, a fazer parte do onze inicial anglo-saxónico em todos os jogos da prova. No fim, o médio renunciou à selecção. Em 2004/05, o Manchester ficou novamente em 3º lugar do campeonato com 9 golos em 33 jogos do “Ginger Ninja”. Na Liga dos Campeões passou a fase de grupos em segundo a seguir ao Lyon e foi eliminado nos oitavos-de-final com um duplo 1-0 do AC Milan. Ganhou ainda a 3ª Taça de Inglaterra da sua carreira. Na última temporada na qual o Manchester ficou em 2º no campeonato. A idade não perdoa e foi utilizado somente 20 vezes obtendo 2 golos. Na Liga dos Campões ficou, ao fim de muitos anos, não só não passou na fase de grupos como ficou na última posição do grupo do Benfica. No último jogo perdeu 2-1 com os portugueses abandonando a competição prematuramente. Esta época está novamente no grupo do Benfica e também Celtic e Copenhaga, tendo a passagem praticamente garantida. Em Portugal ganharam 0-1 ao SLB. No campeonato parecem apostados a fazer frente ao Chelsea e actualmente lideram com mais três pontos que os “blues” de Londres. Continua a ser utilizado com frequência e é um dos nove jogadores (bem como Ryan Giggs e Neville, seus companheiros) a ter feito mais de 500 jogos com a camisola “red devil”. Uma salva de palmas para um dos melhores jogadores ingleses dos últimos anos!

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