Depois da emoção do Benfica versus Barcelona, a nação Benfiquista palpitava, e esperava por uma surpresa em Camp Nou.
Ao contrário do que li por aí, não se esperava um jogo aberto e de ataque “vincado” do Barcelona, mas sim um jogo calculista, com o Barça a assumir o jogo mas sem correr demasiados riscos, pois um golo do Benfica poderia ser fatal.
Na 1ª mão, apesar da sorte ter sorrido á equipa encarnada, fiquei com a sensação que Koeman montou bem a equipa, procurando não sofrer qualquer golo em casa para num contra ataque causar a surpresa. O resultado foi de 0-0, com pleno domínio catalão mas com um Benfica “venenoso” na 2ª parte.
Assim, como “amante” de Futebol ansiava por este 2º duelo táctico, que á partida me parecia mais complexo e “calculista”.
No Barcelona versus Benfica da 2ª mão as equipas actuaram nos seguintes dispositivos: tácticos:
FC Barcelona
Rijkaard não apresentou nenhuma surpresa no onze nem tão pouco no sistema adoptado.
Uma defesa composta por 4 elementos, com Oleguer na posição do lesionado Marquez. Iniesta aparecendo como pivot á frente da defensiva. E mais á frente Van Bommel e Deco com funções distintas mas a completar o triângulo do meio campo.
Mais á frente Larsson pela direita tentando explorar as diagonais para o meio e o frágil jogo aéreo de Leo (seu marcador directo), Ronaldinho pela esquerda com liberdade para aparecer mais ao centro ou para as suas famosas diagonais. E na frente, Eto´o.
Um 4-3-3 com muita mobilidade e sobretudo muita fantasia.
SL Benfica
Do lado do Benfica, esperavam-se alterações de Koeman em relação á 1ª mão e as dúvidas sobre o onze e o sistema a adoptar eram enormes.
Na defesa nada a registar. Mais 1 vez uma linha de 4 com Ricardo Rocha a ocupar-se da marcação “individual” a Ronaldinho. No meio campo o habitual esquema de 3 centrocampistas, que marca a postura de Koeman na Champions, deu lugar a um esquema com 4. Petit apareceu como o pivot defensivo muito perto dos centrais, Beto apareceu como médio de cobertura e com tarefas claramente defensivas. E depois duas surpresas: Manuel Fernandes apareceu mais á esquerda do que o habitual e como vértice deste meio campo ofensivo apareceu Simão. Na frente Geovanni e Miccoli.
Um 4-4-2 de contenção, procurando a velocidade e o contra-ataque.
Dinâmicas e encaixes tácticos:
Se é verdade que se esperava um Barcelona ofensivo, não é menos verdade que os catalães mostraram respeito pelo adversário e sobretudo cautelas devido ao resultado averbado na 1ª mão.
Sendo assim, ambos os laterais não foram tão acutilantes ofensivamente como se poderia esperar, muito também por força das marcações encarnadas.
Koeman prevendo os “raids” dos laterais catalães encostou Geovanni mais á direita, de forma a que Gio não pudesse subir tanto, e pediu atenções especiais a Manuel Fernandes para fechar o lado esquerdo do meio campo encarnado, reduzindo a possibilidade de penetração de Belletti.
Neste duelo defesa-ataque, o Benfica apostou, como já foi dito, num Geovanni mais encostado á faixa direita procurando fugir á marcação dos centrais “Culé” e ao mesmo tempo espreitando a possibilidade de diagonais para o meio.
Já Miccoli, apareceu mais solto actuando mais junto aos centrais, mas sempre com mobilidade para conseguir uma nesga de espaço num possível contra ataque.
No meio campo, o duelo foi mais intenso e “calculista”.
Rijkaard pediu mais cautelas defensivas a Iniesta (na 1ª mão Iniesta foi bastante ofensivo), pois Simão apareceu mais ao centro e era necessário policiar o talento do português. Deco apareceu um pouco mais á esquerda procurando os entendimentos com Ronaldinho e procurando acima de tudo pautar todo o jogo Barcelonista, mas sempre com algumas cautelas defensivas. Koeman respondeu com Beto, para policiar Deco não lhe concedendo espaços (um pouco á imagem da 1ª mão), tentando evitar que o português pudesse “pegar na bola”.
Van Bommel apareceu um pouco mais á direita, actuando de qualquer forma como interior, exercendo 2 funções: Travar as iniciativas do irrequieto Manuel Fernandes e ao mesmo tempo aproveitar uma menor marcação do português para aparecer..perto de Eto´o na finalização (como chegou a acontecer 1 ou 2 xs).
Manuel Fernandes que actuou no losango como interior esquerdo, procurou dinamizar o meio campo por aquele flanco, mas efectuando também movimentações para o centro, aproveitando o arrastamento de Iniesta provocado por Simão, que embora actuando numa zona ofensiva mais central, procurou invariavelmente as movimentações para a faixa esquerda de forma a se “desenhar” no processo ofensivo encarnado, uma linha de 3 elementos ofensivos, com Simão mais á esquerda, Geovanni mais á direita e Miccoli na zona central.
Por fim o duelo ataque catalão versus defesa encarnada.
Ricardo Rocha actuou como defesa direita mas com a missão “exclusiva” de marcar Ronaldinho e as possíveis diagonais do brasileiro para o meio. Esta marcação individual foi possível, pois o Barca actuou sem médios ala, e os laterais nunca foram suficientemente ofensivos para criar perigo pelas faixas.
Larsson apareceu como extremo direito, de forma a aproveitar a fragilidade no jogo aéreo do seu marcador directo - Leo, e por outro lado, de forma a aparecer em movimentações para o meio nas costas de Eto´o para finalizar.
Para finalizar, Eto´o apareceu como avançado “centro” mas com bastante mais mobilidade que no jogo da 1ª mão. Os centrais encarnados tiveram muitas dificuldades para controlar Eto´o, principalmente Anderson que nunca teve velocidade para o camarones, que foi aparecendo um pouco por todo o lado e criando desiquilibrios nas faixas (como aconteceu no lance do 1º golo).
Guerra dos bancos:
Koeman face á desvantagem e ao subrendimento de Geovanni foi o primeiro a mexer trocando o Brasileiro por Karagounis. O grego passou a jogar numa zona mais central, permitindo a Simão adiantar-se no terreno sobretudo pelo flanco esquerdo (relembro a oportunidade desperdiçada pelo Português ..que surge exactamente pela sua movimentação e adiantamento ofensivo pela esquerda).
Aos 72 minutos, Koeman volta a mexer, abdicando de Beto (também ele em subrendimento), e mexendo no sistema táctico passando a actuar num 4-3-3 mais declarado com Robert e Simão nas faixas, cabendo a Manuel Fernandes as compensações defensivas decorrentes da saída de Beto.
Por ultimo aos 82, Koeman arrisca o tudo por tudo e volta a mexer no sistema táctico. Abdica de mais 1 centrocampista (M. Fernandes) colocando mais 1 ponta de lança para jogar ao lado de Miccoli desenhando-se assim um sistema de 4-2-4…com que o Benfica viria a acabar a partida.
Do lado do Barcelona, Rijkaard percebeu ,aos 84 minutos, que o Benfica estava a arriscar o tudo por tudo, então para estancar a zona defensiva e eliminar o perigo que poderia surgir dos 4 avançados encarnados, lançou Edmilson por troca com Van Bommel. Edmilson jogou praticamente colado aos centrais de forma a criar superioridade numérica dos defesas catalães sobre os avançados encarnados.
Por ultimo e já aos 86 minutos, Larsson ,muito cansado, é rendido pela velocidade de Giuly, procurando o técnico Holandês aproveitar o balanceamento ofensivo encarnado para surpreender num contra-ataque através da velocidade do francês (como alias acabou por conseguir).
Conclusões:
Não me parece que o jogo se tenha decidido por alguma decisão de um ou outro técnico. Decidiu-se pela clara superioridade Catalã e pela classe individual dos seus jogadores, e decidiu-se .também. devido a alguma inexperiência ainda existente dos jogadores encarnados nas provas Europeias.
No banco Koeman tentou o tudo por tudo, conseguiu ameaçar mas o golo não surgiu.
Por outro lado, Rijkaard demorou na substituição de Larsson, pois exigia-se a velocidade de Giuly em campo á mais tempo. De qualquer forma a substituição teve pleno efeito pois traduziu-se num golo.
Ambos os técnicos estiveram bem em termos tácticos, no entanto, o Benfica voltou a consentir uma “parte” de avanço ao Barcelona, como já o havia feito na 1ª mão.
Vitória justa, da melhor equipa em campo.
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