segunda-feira, abril 03, 2006

Estrela Amadora Vs Académica

65 minutos de avanço e nem assim...

Antes do jogo com o Vit. Setúbal disse ao colega de blog Joao Costa que bastava ganhar os 3 jogos que tinhamos em casa com os adversarios acessíveis (tinhamos 4: V. Setúbal, Académica, Sporting e Penafiel), portanto se ganhassemos a Setúbal, Academica e Penafiel estariamos quase ou mesmo assegurados na Primeira Divisão, mesmo perdendo em Paços (como aconteceu) em Barcelos (proxima jornada) e Guimarães (última jornada) pelo meio vamos a Leiria e o empate pode servir para os dois lados, por isso mais de metade já está concluido e tendo em conta que quem está perto ou abaixo ainda vai jogar entre si... falta pouco, muito pouco.

Sento-me no estádio e ouço o “speeker” de serviço a anunciar que o árbitro será Cosme Machado, nome que não me diz nada, mas quando diz que o quarto árbitro era Carlos Xistra e fiquei logo de pé atrás, pensei que já não ganhavamos nesta jornada e com mais certeza fiquei depois de ver a bola que foi cruzada para o primeiro golo do jogo e da Académica, sair das quatro linhas e não ser sancionada como tendo saido.

O jogo começou mal, a equipa bastante condicionada pelas lesões de Coutinho, Valdir e Pedro Simões ou pelo castigo de Emerson é uma pequena manta de retalhos com pouco nexo, alem de que ha varios jogadores em sub-rendimento, como André Barreto e Rui Duarte.Mesmo assim a primeira oportunidade pertenceu ao Estrela com um remate na quina da área a levar a bola ao poste, puro engano este remate, a Académica dominava, os tricolores estavam completamente aos papeis com as movimentações adversárias, e não conseguia sequer construir jogadas de ataque, foi muito mau este inicio, aliado a um primeiro golo esquisito e um segundo ainda pior, com defesa de manteiga, onde Filipe Teixeira pega na bola desde o meio-campo e vai andando até à area onde ninguém lhe põe o pé e com bastante sorte no ressalto surge isolado frente a Bruno Vale e marca fácilmente.

Lembrei-me de um ano em que subimos de divisão e que a Académica que lutava directamente com o Estrela pela subida também começou a ganhar 0-1 e depois perdeu 2-1 nos últimos 10 minutos, mas também me lembrei que já estava 0-2 e que o jogador que marcou os dois golos na altura à muito que tinha deixado o clube... e quem era ele? Nada mais nada menos que Abel Xavier!!!

Depois do segundo golo sai Jordão e entra Bevacqua que continua uma nódoa mas que desta vez até conseguiu fazer sem querer um passe para o primeiro golo, indirectamente e directamente para o segundo.

Melhorou mas pouco mais, conseguiamos fazer jogadas de ataque mas não ao que nos habituaram esta época, e com os remates finais a sairem a razar o poste. Os únicos remates do encontro que foram a baliza da Académica deram golo e um deles foi anulado por fora de jogo de Nieto.
De resto as dezenas de remates que o Estrela teve foram todos ao lado, mas bem perigosos.

Ao intervalo entra Nieto e sai Amoreirinha e o jogo transfigura-se.
Primeiro foi a troca do medio defensivo por um ponta-de-lança e depois foi o tudo por tudo com a saida de um defesa e a colocação de outro ponta-lança.
A colocação dos avançados em cunha deixou em quebra o meio campo academista, porque ficou-se com uma frente de 6 homens contra 4 defesas o q obrigou a Académica a recuar e tentar gerir e partir para o contra-ataque.
O que ía dando frutos, o Estrela completamente balanceado permitia ataques rapidos dos “negros” e aos 65 minutos aconteceu algo que foi o principio do fim academista. Gelson isolou-se quase desde o meio-campo e perante Bruno Vale atirou para defesa segurissima do mesmo. Ai FCPorto, FCPorto, tens ali um guarda-redes de sucesso, não duvides, o miudo cresceu imenso neste ano..

Entretanto o guarda-redes academista simula uma lesão que precisa de assistência e o jogo fica interrompido até o mesmo estar “em condições” de prosseguir. Estas atitudes são tudo menos profissionais e não ficam nada bem e é engraçado que os guarda-redes das equipas grandes nunca precisam de receber assistência mesmo quando estão a ganhar por um ou por dois golos e os das pequenas nunca se lesionam quando estão a perder.

Logo de seguida Mauricio já farto de ver que na frente ninguém fazia nada de jeito pega na bola desde o seu meio campo e finta vários jogadores e deixa a bola a merce de Rui Borges que num excelente cruzamento da esquerda isola Bevacqua que atabalhoadamente remata ao poste, a bola vai para o centro da pequena area e um defesa corta contra o mesmo poste, a bola fica a cargo de Manu que marca com 2 defesas e o guarda-redes na linha de golo.

Cinco minutos depois novo cabeceamento com a bola a sair ao lado, mas a Académica começava a baquear fortemente e a defesa dava espaços, afinal com 6 homens em cima haveria sempre de sobrar alguem solto.

O publico que não saiu ao intervalo e que não deixou de acreditar começou a empolgar-se com a superioridade evidente da equipa.

Aos 83 minutos um falhanço escandaloso na frente de ataque academista que deixou um seu jogador isolado rematar por cima da barra.

Aos 85 Pedro Silva tem uma entrada muito feia sobre Manu e leva apenas o amarelo, foi o principio da sua perdição e do resultado.
Pouco depois Manu faz-se a falta na grande área e não vê nem amarelo nem grande penalidade e sim uma boa oprtunidade perdida.
Aos 89 Rui Duarte Cruza para o lado esquerdo (de Pedro Silva) que deixou Bevacqua fazer um excelente passe de cabela para Rui Borges solto na área marcar o golo do empate, foi o primeiro delirio, até um cão malhado de preto e branco entrou no campo!!!

Nesta altura pensei que a equipa ia acomodar-se mas não, o Estrela dos anos 80 e principios dos anos 90 “voltou”, ou seja a equipa não desistiu e continuou a atacar ferozmente e o público também estava como nesses anos, muita gente e a puxar pela equipa, a gritar “Estrela”, outros diziam para continuarem “vamos embora, vamos para cima deles”, (eu por exemplo). O facto é que ninguém arredou pé até ao apito final e para além dele, o que não é normal, ou pelo menos já não é nada habitual desde a alguns anos a esta parte, o público e a equipa estavam de novo em uníssono.

Aos 93 e numa tentativa de queimar tempo Pedro Silva leva o segundo amarelo e consequente vermelho, foi bem pensada a tentativa porque o sufoco e o desnorte da defesa conimbricense era demasiado evidente mas não chegou.

No minuto seguinte uma arrancada, mais uma, de Tony pela direita, que vê Rui Borges sem marcação na àrea, em boa posição, e cruza milimetricamente para a cabeça deste que de primeira remata cruzado fazendo o 3 a 2 final.
Foi a festa completa, eu inclusivé já não tinha voz, fiquei rouco de tanto gritar os golos e puxar pela equipa.
Mesmo depois do jogo acabar ningúem arredou pé das bancadas a aplaudir a equipa que retribuiu.
Em suma, um jogo que valeu bem a pena e que me fez lembrar velhos tempos.

Notas positivas:
Muito público de ambos os lados.
Previlégio do futebol de ataque em detrimento do futebol de contenção à espera de um golo caido do céu.
Rui Borges, (Ruizinho para os colegas de liceu, pela sua estatura) finalmente a marcar no campeonato e logo duas vezes e que importantes foram os golos.

Notas negativas:
A equipa está cansada ou desanimada e começa mal as partidas, o que começa a ser um habito, mau habito.
Carlos Xistra que fazes aqui outra vez na Amadora? Deves estar com uma azia do resultado.

Notas curiosas:
Na compra de um bilhete oferta de + 3.
Segundo Rui Borges, Tony, o defesa lateral, ter-lhe-á dito ao intervalo que era ele que ía resolver o jogo. E no fim do jogo Rui Borges fez questão de dizer isso mesmo e dedicar o golo da vitória ao colega.

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