terça-feira, novembro 07, 2006
Sado Seco 0 - 3 Campeões Nacionais
Estádio: Estádio do Bonfim (Setúbal)
Espectadores: 3.000 (?)
Árbitro: Duarte Gomes (Lisboa)
O FCPorto parece mesmo querer voltar às grandes exibições. Jesualdo Ferreira finalmente entendeu que não pode colocar Paulo Assunção e Raúl Meireles juntos aquando da ausência de Anderson e acabou por escolher o brasileiro para jogar de início, colocando Jorginho no onze inicial. Além disso permaneceu com Fucile adaptado a defesa esquerdo e não defraudou, tendo defendido e atacado quanto baste. Parece-me um jogador certinho que, apesar de algumas debilidades defensivas, é um lateral ofensivamente activo e confiante. Já de Bosingwa, só tenho a dizer que, do meu ponto de vista, o castigo lhe fez bem pois apresenta um futebol com ainda mais qualidade do que anteriormente: impenetrável e seguríssimo do ponto de vista defensivo e com uma grande disponibilidade atacante. Os azuis e brancos entraram muito bem no jogo e Postiga ameaçou imediatamente Nelson, ex-Sporting, que está de regresso à competição. Logo aos 5 minutos, o argentino Lisandro Lopéz marca o seu terceiro golo no campeonato após um cruzamento largo do “prodígio” Ricardo Quaresma, finalmente reencontrado com a sua genialidade.
Dois minutos mais tarde, após passe de Jorginho, Postiga, tirando um adversário da frente, remata para o fundo das redes sadinas, estava feito o 2-0 para os dragões e Postiga tornava-se um dos melhores marcadores do campeonato. O jogo prosseguiu vivo, sempre com clara supremacia portista. Os dragões foram criando perigo, designadamente através de bolas paradas: livres indirectos e cantos e os jogadores do Vitória de Setúbal, salvo um remate de Amuneke (irmão do antigo futebolista do Sporting Amunike), que Helton socou para canto, nunca criaram um arrepio mínimo aos nortenhos. E por falar em Helton, o internacional canarinho continua a demonstrar toda o seu talento e a evidencia uma grande segurança – exceptuando uma saída em falso, o guarda-redes teve uma noite muito boa. O técnico sadino, Toni, precisava de mudar algo e acabou por mexer na equipa à meia hora de jogo, tirando Mário Carlos (médio defensivo) para fazer entrar o experiente argentino, César La Paglia (médio ofensivo), que já representou os históricos Boca Juniors. Já nos descontos de tempo, aos 45+1, este jogador teve nos pés uma possível oportunidade de golo, livre directo, mas a bola embateu na barreira. No contra-ataque, Quaresma atrai dois jogadores e lança fantasticamente o isolado Lucho que, na cara do golo, tem uma perdida incrível. Mérito para o guarda-redes do Vitória de Setúbal que fez uma mancha muito boa e impediu o “KO” definitivo, ainda por cima numa altura daquelas. Algo que me entristeceu no decorrer da primeira parte foram os cânticos: a única vez que se ouviram os adeptos do “meu” Porto a gritar a plenos pulmões (é essa a ideia que passa pela transmissão televisiva) foi quando começaram a cantar a já famosa música de insulto ao Benfica (“SLB, SLB, SLB, SLB, SLB, Filhos da…”). É, não só desrespeitoso para com outra instituição, como é humilhante para nós próprios. O que motiva mais a claque é o apoiar da nossa equipa ou o “bota abaixo” das outras? Que grandeza é esta, que dá mais importância aos outros do que à nossa própria equipa? Por outro lado é de salientar o grande desportivismo que existiu durante toda a partida, com devoluções de bola com real “fair-play”, sem entradas maldosas (apesar dos amarelos mostrados a Janício, um poço de força, e a Bruno Ribeiro), com respeito entre todos os intervenientes. Aliás, não vi uma discussão com o árbitro, algo raro no nosso futebol. Ainda a respeito da primeira metade, a referir as excelentes exibições de Bosingwa, o senhor da faixa direita, com grande preponderância nas missões ofensivas e defensivas; Quaresma, “Harry Potter” luso a voltar às grandes magias; Paulo Assunção, o patrão do meio-campo e Hélder Postiga que está notoriamente apostado no retorno àquilo que o levou ao estrangeiro e à selecção nacional.
Ao intervalo, Toni voltou a alterar a equipa e fez troca de avançados: Lourenço saiu para dar lugar a Mbamba, que abriu a 2ª parte com uma entrada muito ríspida sobre Lucho. De resto, o jogo, com o reatamento da partida, endureceu de sobremaneira. Postiga, depois de um remate fraco aos 48 minutos, teve uma outra boa oportunidade: cruzamento em que a bola baixou muito de repente e o português, com a cabeça já quase no chão, acabou por não rematar decentemente. A bola saiu por cima, apesar de estar isolado. Jorginho fez uma grande segunda parte, bem como o endiabrado Quaresma. Num contra-ataque, Jorginho ganhou muito bem a posição, foi para a baliza e, sozinhos, Paulo Assunção e Lisandro atrapalharam-se acabando por perder a bola de forma caricata. Era a segunda ocasião clamorosa falhada pelo Porto, depois de Lucho no cair do pano da 1ª parte. Ao 67º minuto, Mbamba comete falta sobre Helton nas alturas e acaba por introduzir a bola na baliza apesar do apito ter soado muito antes do remate. O golo foi, obviamente, anulado. Dois minutos mais tarde, na sequência de um livre, Amuneke remata muito por cima. O Setúbal equilibrou um pouco mais, chegando mais vezes à área adversária mas mantendo a incapacidade finalizadora que veio já desde a 1ª metade. O Porto, por sua vez, ia à área adversária com uma menor frequência mas era ainda mais incisivo e perigoso em cada investida que fazia. Nos últimos 20 minutos houve tempo para esgotar as substituições: Alan entrou para o lugar de Lisandro, para não variar tremendamente esforçado e trabalhador; Bruno Moraes rendeu o grande Postiga e já aos 80, Fucile saiu para dar lugar ao lateral esquerdo original, Marek Cech. Do lado do Setúbal, Russeano nada mudou quando substituiu Julien. Alan e Bruno Moraes espevitaram muito o ataque, deram frescura à frente da equipa, que estava a precisar disso mesmo. O terceiro e último golo do Porto surgiu aos 77 minutos quando Quaresma cobra uma falta à entrada da área e, num livre directo, põe a bola na gaveta, deixando de lado qualquer hipótese para Nelson defender. Grande golo, com dedicatória especial e repetida para o capitão, Vítor Baía, que continua com um enorme peso no balneário. Após esse golo o jogo partiu-se, todos os atletas dentro das quatro linhas estavam já cansados e naturalmente Quaresma, um criativo, “adormeceu”. É muito importante realçar a fantástica segunda parte do nº10 Jorginho que me surpreendeu muito pela positiva e, arrisco-me mesmo a dizer, conseguiu fazer esquecer Anderson. Foi um jogo, nem sempre muito bem jogado e com o resultado definido desde os primeiros minutos mas que não deixou de ser agradável e com alguns momentos de bom futebol. A Liga BWin.com está de volta somente daqui a duas semanas e este foi o último jogo antes da paragem. O FCPorto conquista os 3 pontos com um 3-0, resultado igual aos restantes “3 grandes”. Tantos 3…
MELHOR JOGADOR
É uma escolha difícil. Postiga e Quaresma, julgo, merecem a distinção, mas Jorginho, pela segunda parte que fez, não seria uma escolha descabida. No entanto, Quaresma marcou o melhor golo do jogo, só perdeu fulgor nos últimos dez minutos e foi incansável na busca do golo e da assistência. Deliciou os adeptos com pura magia futebolística, fez um passe para golo e um verdadeiro golão. Vou mesmo escolher o “Ciganito”, o “7”, o “Harry Potter”, o “mago”, o “mágico”, algo que já tem vindo a suceder nos últimos jogos. Parece que o extremo português reencontrou o caminho do sucesso e está disposto a convencer Scolari a voltar a convocá-lo.
POSITIVO DO JOGO
+ Três golos, todos eles com qualidade mas especialmente o de livre directo de Quaresma.
+ As exibições de Quaresma, Postiga e Jorginho.
+ O FCPorto é líder isolado do campeonato com a melhor defesa e o melhor ataque.
+ “Fair-play” e respeito entre as 3 equipas presentes no relvado do Bonfim.
+ A “coragem” de Jesualdo em não colocar em campo dois trincos.
+ Boa arbitragem.
NEGATIVO DO JOGO
- O cântico mais audível das claques portistas não foi de incentivo mas sim de insulto a outra instituição.
- A certeza do resultado desde o inicio.
- A incapacidade do Setúbal de criar perigo.
ÁRBITRO
Uma arbitragem plenamente serena do árbitro lisboeta Duarte Gomes e dos seus assistentes. É verdade que os jogadores não complicaram em nada o trabalho do juiz mas é bom que estas exibições da “3ª equipa” sejam também reconhecidas e a verdade é que não me lembro de um único cartão mal mostrado, nenhum fora-de-jogo mal tirado… Na minha opinião a arbitragem foi exemplar. Tomara que todos os jogos decorressem assim, sem casos e com arbitragens boas e discretas.
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